Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Conhecida pela linguagem e formato inovador, a internet ainda segue padrões antigos quando o assunto é política. A avaliação é do jornalista e pesquisador da Universidade de Campinas, Mauro Malin, apresentador da versão radiofônica do programa Observatório da Imprensa.
Segundo ele, as páginas dos partidos e até mesmo os blogs dos eleitores não fazem um debate político diferente do que as rádios, emissoras de televisão e jornais apresentam.
“É apenas um pequeno fenômeno que não mexe com a estrutura da campanha. Mesmo na internet, ela continua concentrada na agenda do candidato, deixando a discussão sobre os grandes temas de lado”, critica Malin, em entrevista à Rádio Nacional.
Para ele, a internet desempenharia um papel importante se abrisse uma interlocução efetiva entre os eleitores e candidatos, na qual os políticos se vissem obrigados a responder as dúvidas dos internautas sobre propostas em áreas como emprego, habitação, saneamento, segurança pública e reforma do estado.
“O acesso à internet aumentou no Brasil, mas não vamos nos iludir. Ainda temos uma média de 7,5 computadores para cada 100 pessoas. Nos Estados Unidos, essa média é 66”, ressalta o jornalista.
Ainda assim, para ele, é necessário que haja uma preparação de longo prazo para que a internet desempenhe um papel diferenciado nos próximos pleitos. “Nessa eleição, tenho certeza que nenhum partido vai lançar uma discussão série na internet. Não vai abrir espaço para contestações. A campanha eleitoral continua muito ruim em todas as mídias.”