Incentivo fiscal é único caminho para o Brasil entrar no mercado de semicondutores, diz empresário

19/08/2006 - 1h29

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Medidas de incentivo à indústria de semicondutores é o único caminho para o Brasil entrar em um mercado cada vez mais estimulado no exterior.A avaliação é de Wolfgang Sauer, empresário alemão naturalizado brasileiro, que há 17 anos planeja a implementação da Companhia Brasileira de Semicondutores (CBS). “Sem ações como a desoneração de impostos, não podemos nem pensar em instalar fábricas, porque os investidores vão preferir outros países que oferecem mais vantagens”. Segundo ele, foi justamente por falta de incentivos que o Brasil perdeu, nos últimos anos, oportunidades para a instalação de fabricantes do material no país.“Não há mais o que esperar. O momento é agora. Se não, o Brasil estará condenado a virar uma nação tecnologicamente dependente da boa vontade de terceiros na hora de importar os chips”.Na última quarta-feira (16), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, até o início da semana que vem, o governo pretende anunciar um pacote para incentivar a instalação de indústrias do setor no Brasil.Além de Mantega, a proposta está sendo discutida entre os ministros do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e da Casa Civil, Dilma Rousseff.Os semicondutores são matéria-prima para a produção de microchips, o cérebro” de qualquer aparelho eletrônico, pois comandam e arquivam mensagens para todas as partes dos aparelhos.Eles estão presentes no automóvel, no rádio, no telefone, na televisão e nos eletrodomésticos, por exemplo. Também são peças-chave para a televisão digital, cuja implementação no Brasil foi aprovada em junho ano pelo governo.Sérgio Souza Dias, diretor-presidente do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), comenta que apenas o imposto a ser pago com importação de insumos eleva em mais de 20% os custos. “Isso inviabiliza o desenvolvimento da indústria no país”. O Ceitec desenvolve pesquisa para a implementação da primeira fábrica brasileira de semicondutores, prevista para ser inaugurada em abril de 2007.Os empresários do setor esperam, principalmente, medidas de redução do imposto de importação sobre as matérias-primas para produção dos semicondutores. A alíquota deste imposto pode chegar a 10%. Também querem isenção do o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), cuja alíquota pode chegar a 5%, do PIS e Cofins.