Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Mulheres que cantam e bordam as letras de suas cantigas em bolsas e almofadas. Ou mulheres que colhem, cozinham e trançam folhas de palmeira para delas tecer belos chaveiros, tapetes e cestos. Estas mulheres e objetos, entre outros, fazem parte do projeto e que foi batizado com o nome de Talentos do Brasil. Até este final de semana, lojistas e profissionais da área artesanal poderão conhecer os produtos do projeto na Feira Paralela Gift, que está sendo realizada no complexo cultural Tomie Ohtake, em São Paulo.O projeto, criado há um ano pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, em parceria com a Petrobras e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), reúne grupos de oito artesãs que produzem peças variadas como bolsas, chapéus, brincos, colares e echarpes, todas fabricadas com matérias-primas tipicamente nacionais, como a lã do Rio Grande do Sul, a escama de peixe do Mato Grosso do Sul e a fibra do tururi do Pará. Todas as artesãs receberam a consultoria técnica do designer Renato Imbroisi. Até o final deste ano, o projeto espera abrigar artesãs de dez estados brasileiros: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Sul.Segundo Patrícia Mendes, consultora do ministério, o projeto é voltado para a valorização do artesanato brasileiro e para a identidade nacional. “É nele que nós buscamos, através da parceria com o Sebrae nos estados, a valorização das mulheres, das artesãs, no que diz respeito à valorização da identidade local, das habilidades e também no desenvolvimento de novos produtos buscando mercados diferenciados”, afirma.As artesãs que compõem o projeto foram procuradas pelo ministério durante a Feira da Agricultura Familiar, realizada em Brasília. Hoje também há estados que procuram o Sebrae para tentar fazer parte do projeto.Renato Imbroisi explica que, dentro do projeto, as artesãs são orientadas sobre a forma de valorizar a sua técnica e incrementar as vendas de seus produtos: “Toda essa parte de criação do produto não é só o produto. É também criação de imagem, do catálogo, da ambientação desse produto, onde ele deve ser mostrado e de que maneira deve ser mostrado. Tudo isso para melhorar a venda desse produto artesanal”. Segundo o designer, alguns produtos já ganharam espaço até no mercado externo, como os fabricados com lã, que renderam pedidos de nove países.Para a artesã Maria Joelma B. Silva, que vive em Costa dos Coqueiros (BA) e trabalha com artesanato há 30 anos, confeccionando bolsas, tapetes e chapéus com palha de piaçava, diz que valeu a pena fazer parte do projeto Talentos do Brasil foi positivo. “Eles praticamente descobriram que a gente existe. A gente vivia lá, naquele cantinho e resolveram dizer: ‘aquele povo do cantinho também é gente’”.