Universalização do ensino primário ainda não é suficiente para atingir meta até 2015, diz Unesco

17/08/2006 - 10h42

Cássia Relva
Da Agência Brasil
Brasília - A universalização daeducação primária vem mantendo avanços constantes desde 1998, mas nãosuficientes para atingir a meta até 2015. O número de crianças matriculadas noensino primário passou de 655 milhões para 671 milhões entre 1998 e 2002.Apesar disso, cerca de 100 milhões de crianças em idade para ingressas naescola primária não estavam matriculados em 2002.Os dados constam do Monitoramento Global deEducação divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, aCiência e a Cultura (Unesco) durante a reunião dos representantes da Comunidadede Países de Língua Portuguesa (CPLP) que discute em Brasília a educação dejovens e adultos. No encerramento dos debates, hoje, deve ser divulgado um documento com asrecomendações dos participantes.O estudo, divulgado ontem(16), verificou o desempenho dos países que se comprometeram a universalizar emelhorar o ensino até 2015 durante o Fórum Mundial de Educação de 2000 emDacar, no Senegal. Dos 163 países pesquisados, 47 deles atingiram auniversalização.A Unesco usou dados dos anosletivos de 2002/2003 para fazer projeções de quais países poderão alcançar asmetas de Universalização da Educação Primária (UEP), melhorar em 50% o númerode adultos alfabetizados e igualar o índice de escolaridade de homens emulheres.Em relação à escolaridade dehomens e mulheres, o relatório mostra que 104 países alcançaram o equilíbrio noíndice de matrículas para o ensino médio. A igualdade ainda não foi atingida emalguns países como Afeganistão, Índia e Estados africanos devido àdiscriminação que as mulheres enfrentam nestes locais.De acordo com o relatório, oBrasil corre o risco de não ter equilíbrio no número de homens e mulheresmatriculados no ensino médio até 2015, pois existem mais meninas do que meninosconcluindo o ensino médio. Segundo a avaliação, as meninas participam mais dasatividades escolares, com melhor desempenho. O acesso masculino é limitadoprincipalmente em países com baixa renda. Dados do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Brasil tem 33milhões de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas com menos de quatro anos deestudo, e a taxa de analfabetismo é maior entre os que têm mais de 60 anos epessoas com baixo rendimento familiar. Mas, de acordo com o relatório, o paísavançou na educação de adultos.Ao analisar o relatório, oassessor especial em educação da Unesco, Célio Cunha, afirmou que faltaestruturar sistemas públicos de educação de massa para melhorar os índicesapresentados. “Educação deve ser prioridade da sociedade brasileira. Tendo maisrecursos, seguramente vai ser possível ampliar o tempo de alfabetização epermitir que jovens e adultos alfabetizados possam ter algum tipo de educaçãocontinuada”, disse.