Novos indicadores de riqueza são debatidos em Brasília

17/08/2006 - 14h54

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Economistas, técnicos de órgãos do governo federal, professores universitários e outros especialistas debatem durante todo o dia de hoje (17) os novos indicadores de riqueza. Segundo os participantes do seminário Novos Conceitos de Riqueza, as desigualdades sociais devem ser analisadas não apenas por indicadores econômicos tradicionais, como o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no país), mas também pelos conceitos de riqueza e renda.Durante o encontro, promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, foi discutido o livro do filósofo e economista francês Patrick Viveret, no qual ele aborda, justamente, outras formas de avaliar e reduzir as desigualdades sociais.“A proposta de mudar o conceito, no sentido de produzir indicadores que tomem em consideração os efeitos externos, é a grande novidade”, disse o secretário nacional de Economia Solidária, Paul Singer.Para ele, a discussão sobre desigualdade passa pelo debate da relação entre os indivíduos e a sociedade. “A questão é que a desigualdade social está visível para nós, mas nós criamos muros para nos separarmos dela. Nós, é a classe média brasileira e as nossas cidades", avaliou o economista. "Cada vez mais, vivemos em conjuntos habitacionais protegidos contra a pobreza agressiva. A proposta, aqui, está em derrubar o muro e tomar consciência de que não só é imoral, mas é perigoso para nós também, que estamos do lado privilegiado, a enorme desigualdade que é este país”, acrescentou.Para o professor da Universidade de Campinas (Unicamp) José Carlos Braga, “os novos conceitos de riqueza precisam ter um aprofundamento político mais atualizado”. Segundo ele, conceitos criados pelo capitalismo, como o de riqueza financeira (que está relacionado à bolsa de valores, por exemplo) “afetam negativamente o PIB e, muito mais, os países subdesenvolvidos”, disse.Agora à tarde, devem participar representantes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os debates serão coordenados pelo diretor da área de Inclusão Social e Crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).