Moradores contam que vida era tranqüila nos bairros muçulmanos xiitas de Beirute

15/08/2006 - 23h06

Juliana César Nunes
Enviada especial
Beirute (Líbano) - Os bairros muçulmanos xiitas foram os pricipaias alvos do bombardeios israelenses em Beirute. Neles, como acredita Israel, vivem os principais líderes do Hizbollah, considerado uma organização terrorista. Para a dona-de-casa Natalia Romero, 29 anos, a característica marcante desses bairros era outra: a tranqüilidade. “Tínhamos escola perto de casa, comércio muito bom. Agora, foi tudo destruído”, conta Natalia, praticante do islamismo e adepta do véu. “Por conta das bombas, todo mundo foi embora do meu prédio. A gente não podia sair para comprar mais nada, com medo de bomba. Resolvi sair com meus três filhos, ir para o Brasil, mas até novembro eu volto. Eles querem muito voltar para a escola daqui”, disse.Leila Nacerdin Madi, 44 anos, também pensa em retorno. Todas as casas em volta da dela foram bombardeadas no bairro mulçumano xiita de Haret Hreik. Com os impactos, a casa da família Madi está prestes a cair. Falta água e luz. A tia de Leila morreu em um dos bombardeios diários. “Meu bairro é muito bom. Viramos alvo porque pensam que o Hassan Nasrallah é nosso vizinho. Algumas pessoas são mesmo do Hizbollah, mas ninguém se mete com ninguém. Tem até católico no bairro”, contou.