Quadrilha que fraudava licitações no Amazonas pode ter agido em São Paulo e Rondônia

15/08/2006 - 14h37

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A assessora de Comunicação da Polícia Federal, Eva Miranda,confirmou hoje (15) à  Radiobrása existência de indícios de que a quadrilha que fraudava licitações dealimentos no Amazonas pode ter agido também em São Paulo e em Rondônia. Nasexta-feira (11), quando o esquema foi desmantelado pela Operação Saúva, aversão oficial era de que o grupo agia apenas no Amazonas. “Os depoimentos revelaram que existe essa possibilidade deação em outros estados, mas ainda não há provas concretas”, informou Miranda. Ainda segundo ela, nesta terça-feira a Polícia Federalconcluirá os interrogatórios da empresária Claudomira Pinto Cavalcante e doempresário apontado como “a formiga rainha” do esquema criminoso, Cristiano daSilva Cordeiro. Eles estão entre as 30 pessoas detidas na sexta-feira, cujoprazo da prisão temporária – que dura cinco dias - vence hoje. Os outros dois acusados se entregaram à Polícia Federal nofim de semana, completando a execução dos 32 mandados de prisão expedidos pelaJustiça Federal. No sábado, foi a vez do empresário José Maurício Gomes deLima, que estava foragido; no domingo, do capitão do Exército Ilídio JoséQuintas Fernandes, que passava férias na França. “O capitão Henrique dos Santos Botelho e a empresáriaElisângela Alves Aguiar conseguiram alvará de soltura ontem”, informou Miranda.“O Ministério Público Federal entrará hoje com pedido de prorrogação da prisãotemporária daqueles que ainda não colaboraram com as investigações. Os que jáprestaram informações relevantes nos seus depoimentos serão soltos”, completou.Miranda declarou que a Polícia Federal não divulgará comantecedência os nomes de quem será libertado e de quem poderá ter a prisãotemporária prorrogada por mais cinco dias. Entre os presos, está osuperintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Amazonas,Juscelino Moura; o secretário-executivo da Secretaria Estadual da Fazenda,Afonso Lobo; um membro da Comissão de Licitação da Secretaria Estadual deAssistência Social, Roberto Carbonari Santana; e um assessor do vice-governadordo Amazonas, Manoel Paulino Costa Filho. A assessora de Comunicação da Polícia Federal informou aindaque a Justiça Militar decretou a prisão preventiva dos 10 oficiais detidos nasexta-feira (três sargentos, quatro capitães, dois tenentes-coronéis e umcoronel). Por isso, embora tenha sido libertado pela Justiça Federal, o capitãoBotelho continua preso no Comando Militar da Amazônia (CMA). “O Exército abriu inquérito policial militar para apurar asdenúncias contra os indiciados na Operação Saúva. Essas investigações não seconfundem com as ações da Polícia Federal, elas são paralelas”, esclareceu oresponsável pela comunicação do CMA, major Zendin. A Operação Saúva foi uma ação conjunta da PolíciaFederal, da Receita Federal e do Ministério Público Federal. Ela revelou umaquadrilha que fraudava licitações para aquisição de alimentos, superfaturandopreços, por meio da abertura de empresas fantasmas e fornecendo produtosvencidos. As compras investigadas somaram R$ 126 milhões, no período de um ano– e envolveram as esferas federal (Conab e Exército), estadual (governo doAmazonas) e municipal (prefeituras de Manaus e de Presidente Figueiredo, noAmazonas).