Gabriella Noronha
Da Agência Brasil
Brasília - Os hospitais universitários brasileiros estão com déficit de 12 mil servidores, informou o diretor de Desenvolvimento da Educação Superior do MEC, Manuel Palácios. De acordo com Palácios, o problema demanda atenção de urgência do Ministério da Educação, que está avaliando com o Ministério da Saúde a possibilidade de divisão dos custos com pessoal. Atualmente, as vagas dos 12 mil funcionários são preenchidas com a contratação (terceirizada) de fundações de apoio, o que, segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), é reprovado pelo Tribunal de Contas da União. O dinheiro para a contratação dessa mão-de-obra faz parte dos recursos repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que impede um maior investimento na infra-estrutura dos hospitais e dificulta o pagamento de outras despesas, contribuindo para o endividamento dos hospitais. Na opinião de Palácios, resolver o problema demandará um investimento muito significativo.Para discutir soluções, representantes dos Ministérios da Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnologia já se reuniram em Brasília com o presidente da Andifes, Paulo Speller. O déficit é um problema que vem sendo acompanhado de perto pelos Ministérios da Saúde e da Educação, disse Palácios. Segundo ele, reunião entre os ministérios e os representantes da universidade teve como objetivo "avançar nessa direção”.De acordo com o presidentes da Andifes, na reunião, constatou-se, “primeiro, a necessidade de um levantamento mais completo e atualizado sobre os hospitais universitários e, segundo, a formação de uma comissão, que está sendo criada agora, com representantes dos três ministérios para formar uma proposta concreta para apresentar ao presidente da República”.
O anúncio da criação de uma comissão interministerial para discutir o financiamento dessas instituições foi feito quinta-feira (10) pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, na reunião do Conselho Nacional de Saúde, em Brasília. Em nota publicada no site do MEC, o ministro disse que a comissão vai propor novos modelos de gestão para fortalecer os hospitais universitários. "Mas nada será feito sem consultar a sociedade", ressaltou.
Segundo Haddad, a idéia é transformar os 45 hospitais vinculados às universidades públicas em unidades de custo que tenham orçamentos, serviços prestados e custos transparentes para melhorar o atendimento e o ensino oferecidos. Além disso, é preciso encontrar novas fontes de financiamento público para fortalecer essas instituições, acrescentou.
Na atual forma de custeio, o Ministério da Educação destina cerca de R$ 1 bilhão por ano para a manutenção dos hospitais universitários, pagamento dos docentes, funcionários, incentivos, vale-alimentação e residência médica. O sistema universitário público tem 45 hospitais com mais de 10 mil leitos e atende cerca de 8 milhões de pessoas por mês, diz a nota do MEC.