Coordenador de fiscalização contra trabalho escravo destaca ligação com outros crimes no Pará

12/08/2006 - 8h38

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Pará é o estado brasileiro em que a relação entre grilagem, desmatamento e trabalho escravo se dá de forma mais clara, aponta o coordenador do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, do Ministério do Trabalho e Emprego, Marcelo Campos. “Esse processo de ocupação de terras de forma ilegal está intimamente ligado ao trabalho escravo e degradante e a outros crimes, como o desmatamento ilegal da floresta e a deterioração do meio ambiente, entre outros”, afirma.O coordenador lembrou que o Pará concentra as denúncias e casos de exploração de mão-de-obra escrava, e explicou que essa atividade ilegal geralmente ocorre em locais onde há uma expansão da fronteira agrícola sobre florestas nativas.Em entrevista à Agência Brasil, Campos disse que, no território paraense, essa ocupação ocorre na maioria das vezes de forma ilegal, por meio da grilagem, desmatamento ilegal, invasão de terras indígenas.“Os fazendeiros - seja para criar gado, plantar capim e outros itens ou fazer carvão para vender para siderúrgica - desmatam a floresta nativa, legal ou ilegalmente, sendo que o maior número de casos é de desmatamento ilegal. Nesse processo de corte da floresta é que são utilizados os trabalhadores em condição degradante ou escravos”. O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará, Marcílio Monteiro, confirma a  interligação das irregularidades. Segundo ele, estão em curso oito operações para combater o desmatamento e o comércio ilegal de madeiras no Pará. “O objetivo do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama é coibir essas práticas, que são destrutivas da Amazônia, e buscar um novo modelo, uma visão de ação sustentável”, afirma. Para Marcelo Campos, essas operações acabam se refletindo na diminuição dos casos de exploração de mão-de-obra escrava no Brasil. “O trabalho escravo só tem como sustentação a prática de diversos ilícitos”, observa.