Pedro Biondi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um garimpo ilegal que pode envolver cerca de 100 pessoas foi uma das principais constatações da Operação Kayapó, desencadeada na última quarta-feira (2). A operação também retirou 19 invasores da Terra Indígena Kayapó, no sudeste do Pará, e colheu informações para chegar a quem está por trás dos danos na área: grileiros (quem vende ilegalmente lotes) e compradores. A ação reúne a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Polícia Federal (PF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e conta com apoio de guerreiros kayapó.A operação encontrou outros dois garimpos de menor porte funcionando e cerca de 20 focos de desmatamento – alguns deles com cerca de 700 hectares (cada hectare corresponde a um campo de futebol), informa um dos coordenadores da operação, Eimar Araújo, da Funai. Extração de madeira para venda ilegal, o outro foco da empreitada, não foi constatada até agora. Os policiais aprenderam com os invasores três motosserras, cinco espingardas e um revólver calibre 38, além de destruir os acampamentos onde eles se abrigavam, conta Araújo, ex-administrador regional da Funai em Marabá (PA).“O principal agora é evitar que essas pessoas voltem”, comenta, em entrevista à Agência Brasil. A Funai anunciou a construção de um posto de vigilância e fiscalização e a permanência de uma equipe, pelo menos, até o fim do mês. “Vamos propor que esse prazo seja estendido o início de outubro, que é o período de desmatamento. Não havendo desmatamento, não haverá queimadas nem plantio de capim para formação de pastos.” Na região, é comum fazendeiros colocarem gado nas áreas desmatadas após cerca de um ano. Os garimpos ilegais, contudo, não foram desativados por causa da oposição de alguns índios que defenderam a permanência da atividade e do número limitado de agentes da Polícia Federal que puderam sobrevoar o local, como explica o funcionário da Funai. “No avião e no helicóptero usados, só cabiam cinco agentes.” Araújo ressalva que, de modo geral, os Kayapó estão colaborando bastante com a retirada dos invasores.O delegado que chefia a equipe, Antônio Delfino de Castro Neto, diz que provavelmente em setembro uma nova etapa da ação conjunta incidirá sobre os garimpos.A Terra Kayapó tem 3,284 milhões de hectares e aproximadamente 4 mil moradores, formando uma das maiores áreas indígenas do país. Foi homologada em 1991 e envolve áreas de quatro municípios: Bannach, Cumaru do Norte, Ourilândia do Norte e São Félix do Xingu.