Governador volta a recusar apoio do Exército nas ruas de São Paulo

09/08/2006 - 22h35

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, voltou a recusar hoje (9) o uso das Forças Armadas nas ruas das cidades paulistas que estão sofrendo ataques de facções criminosas. Lembo reafirmou a sua opinião de que o Exército deva ser preservado em sua função constitucional, mas deixou aberta a possibilidade de vir a pedir auxílio. “Se necessário, nós estaremos sempre prontos a pedir o apoio do Exército. Mas cada segmento da segurança pública, da segurança nacional, tem que ter a sua função e preservar a sua função”, disse, em entrevista coletiva na sede do governo.Lembo ressaltou que a polícia paulista e as Forças Armadas já estão agindo em conjunto, especialmente no trabalho de inteligência e no compartilhamento de equipamentos militares. “O helicóptero de transporte de tropas está a nossa disposição aqui em São Paulo e, se necessário, vamos pedir mais helicópteros”, afirmou.O governo paulista, informou, já apresentou ao governo federal os projetos de construção de novos presídios no estado, para a utilização de parte dos R$ 100 milhões autorizados pela Medida Provisória 311, editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 13 de julho. Segundo o Ministério da Justiça, os projetos serão apresentados oficialmente amanhã (10) por uma equipe técnica da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo.Cláudio Lembo disse ainda que não teme a ocorrência de novos ataques no próximo final de semana. Segundo comunicado do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), divulgado na segunda-feira (7), as organizações criminosas planejam a realização de uma nova onda de atentados no Dia dos Pais, com a participação dos presos beneficiados pelo indulto, uma saída temporária da prisão. “Vou dar a cobertura necessária para que não ocorra nada a partir dessas pessoas que serão liberadas. Espero que não aconteça nada e que nós possamos cercear essas pessoas que estão sendo liberadas”, afirmou.O governado reconheceu ainda a existência de falhas no combate ao crime organizado. Segundo ele, as forças de segurança do estado são estruturadas para o combate ao crime comum e foram surpreendidas pelo crime organizado. “De repente, nós encontramos a violência de um grupo armado vindo do crime organizado, com tráfico de entorpecentes, em conflito diretamente com o estado de direito. Particularmente, São Paulo não estava preparado, porque a preparação da nossa polícia era para o crime comum. E nós estávamos alterando a filosofia  para uma polícia comunitária”, disse.