Polícia Federal e Ibama prendem 46 pessoas por comercialização ilegal de madeira

09/08/2006 - 14h53

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Polícia Federal (PF), com apoio do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), prendeu hoje 46 integrantes de uma quadrilha que atuava na comercialização ilegal de madeira.O esquema consistia em fraudar Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), uma licença indispensável para o transporte de produto florestal de origem nativa. O trabalho de investigação foi iniciado pelo próprio Ibama em outubro de 2005, após o desaparecimento de um lote de 200 ATPFs da sede do órgão no Amapá.A informação foi dada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista coletiva da qual também participaram o diretor geral da PF, Paulo Lacerda, o presidente substituto do Ibama, Valmir Ortega, o chefe da área ambiental da PF, delegado Jorge Pontes.Segundo a ministra, a Operação Isaías foi deflagrada em quatro estados: Amapá, Pará Santa Catarina, São Paulo. Dos 54 mandados de prisão, 46 foram cumpridos, a maioria no Amapá (44).O delegado Jorge Pontes informou que a Polícia Federal foi acionada e abriu três inquéritos para investigar o esquema. Segundo ele, o esquema operava há vários anos, mas as investigações se referem ao período de 2000 a 2006.Marina Silva disse que essa foi décima operação conjunta do Ibama com a PF para prender quadrilhas especializadas em crimes ambientais e de grilagem desde 2003. Segundo ela, nas primeiras operações as ATPFs eram vendidas por cerca de R$ 200 e, na operação de hoje a investigação mostrou que esses documentos chegaram a custar cerca de R$ 5 mil, “à medida que o Ibama e a PF foram fechando o cerco”.A operação envolveu 208 policiais federais. O volume de madeira desviado pelo esquema chegou a 905 mil metros cúbicos, que dariam para encher 60 mil caminhões de toras, que enfileirados cobririam 430 quilômetros, ou seja, a distância entre São Paulo e Rio de Janeiro.Entre os envolvidos no esquema estão 14 servidores do Ibama, dos quais 13 já foram presos, o procurador federal da Advocacia Geral da União (AGU) que trabalhava no Ibama Joaquim Gomes de Oliveira e dois ex-empregados terceirizados do instituto.Também faziam parte da quadrilha comerciantes de madeira e lobistas, que agiam como intermediários. Os presos responderão pelos crimes de peculato, falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa, contrabando e descaminho, inserção de dados falsos, formação de quadrilha e outros.O nome da operação é uma alusão à passagem bíblica do profeta Isaías: “Restarão tão poucas árvores em sua floresta que um menino poderá contá-las”.