Embaixadora da Palestina faz apelo por paz no Oriente Médio

21/07/2006 - 21h26

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “A comunidade internacional não pode assistir em silêncio à morte de civis. A comunidade internacional precisa impedir Israel de continuar essa matança”. O apelo foi feito hoje (21) pela embaixadora da Palestina no Brasil, Mayada Bamie. Em palestra na Universidade de Brasília, ela disse que o povo palestino vem sofrendo por décadas a mesma “opressão” por que hoje passam os libaneses e, por isso, a Palestina é solidária.Ao falar sobre a situação em que vivem os libaneses, Mayada Bamie contou que “o exército de Israel simplesmente joga dos aviões os avisos para que deixem as aldeias – os civis que não saem são mesmo bombardeados e, se saem, são bombardeados também no caminho”.

A embaixadora recordou que nos anos 80 o Líbano apoiou a Palestina, quando as tropas israelenses comandadas pelo então ministro da Defesa, general Ariel Sharon, promoveram os chamados massacres de Sabra e Chatila. Perto de 1.500 pessoas morreram na invasão do exército, que contou também com a ajuda de milícias libanesas de extrema direita.

“Os libaneses, como os palestinos, são hoje refugiados em seu próprio país. Nós, palestinos, já sofremos muito como civis. Geração após geração, somos um povo sofrido com a ocupação da nossa terra”, comentou. Na opinião da embaixadora, para a região alcançar a paz seria necessário que Israel desse um passo na direção do cumprimento das várias resoluções da Organização das Nações Unidas, que apresentam soluções para as disputas pelo território. “Um país não pode continuar a ocupar outro sem permitir a este povo o direito de viver e ter liberdade, dignidade e soberania. A ocupação é muita dura, não temos direito à vida. Ninguém pode imaginar algo assim em pleno ano de 2006”, desabafou. Mayada Bamie comentou que o muro de segurança, que vem sendo construído por Israel desde 2002, é uma infração a todas as leis internacionais. E explicou: “Porque está sendo construído em área de outro país, porque abrange uma área agrícola, fundamental para a sobrevivência do nosso povo, destrói casas e oliveiras em regiões sagradas”.