Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio - O superintendente regional da Polícia Federal no Rio deJaneiro, Delci Carlos Teixeira, lamentou o envolvimento do ex-superintendenteJosé Milton Rodrigues no esquema de corrupção desarticulado hoje pela OperaçãoCerol. O delegado ressaltou que Rodrigues, que chefiou a superintendência entreabril de 2004 e março deste ano, tem mais de 30 anos de bons serviços prestadosà instituição. “Foi uma surpresa. Mas se a equipe de investigação encontrouelementos suficientes para levar até a apreciação do Judiciário, e o Judiciárioentendeu que deveria decretar a prisão, cabe a ele agora se defender. Élamentável para a Polícia Federal que um dirigente de uma superintendência emum estado tão importante quanto o Rio de Janeiro esteja envolvido nessasituação”, disse o delegado.Segundo Teixeira, o ex-superintendente teria sido envolvidono esquema por conta da amizade que mantinha com alguns suspeitos,principalmente com advogados. No esquema desarticulado pela operação,servidores da Polícia Federal prejudicavam propositalmente inquéritos sobrecrimes fazendários e previdenciários, cometidos por empresas, a fim de selivrarem de processos. Em troca, recebiam favores.De acordo com o delegado Teixeira, o advogado Tarcísio deFigueiredo Pelúcio, apontado pela Polícia Federal como mentor do esquema decorrupção na Superintendência do Rio de Janeiro, tinha trânsito livre nasdependências da sede regional da polícia. E era esse relacionamento entre oadvogado e os servidores federais que permitia o esquema, disse.“Ele tinha livre acesso aos gabinetes dos delegados e tinhaamizade com eles. Isso favorecia os contatos. Ele seria um intermediário. Osempresários também patrocinavam eventos dos servidores, como a posse desuperintendentes, e empregavam amigos dos servidores em suas empresas”, disse osuperintendente do Rio de Janeiro.