Fórum da Tríplice Fronteira discute aqüífero e presença militar dos EUA

21/07/2006 - 16h55

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Enquanto os chefes de Estado dos países do Mercosul reúnem-se em Córdoba, cidade do norte argentino, organizações da sociedade civil também discutem, perto dali, a integração latino-americana. Em Ciudad del Este, município paraguaio que faz divisa com Foz do Iguaçu, movimentos sociais participam hoje (21) da abertura do 2º Fórum Social da Tríplice Fronteira. Além da integração continental, as organizações estão preocupadas em defender a segurança da região e a preservação do Aqüífero Guarani.A segurança volta à pauta depois que, este ano, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos voltou apresentar um relatório dizendo que detectou transferências de dinheiro de Foz do Iguaçu para grupos terroristas – entre eles o libanês Hezbollah, que está sendo atacado nas últimas semanas pelo governo de Israel. Em paralelo, o governo dos Estados Unidos renovou um acordo com o Paraguai que permite operações militares na região.Na carta de abertura do Fórum, as organizações criticam o acordo com o governo paraguaio e consideram que ele é o início de uma tentativa de transformar a Triplíce Fronteira em uma região sob vigilância militar dos Estados Unidos. Por isso, o lema do Fórum deste ano é “Fora tropas yankees e Banco Mundial”.A crítica ao Banco Mundial no lema é pelo programa que a instituição desenvolve para mapeamento do Aqüífero Guarani. O sociólogo Luiz Fernando Novoa Garzón, da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip), considera que o projeto é um primeiro passo para a exploração comercial das águas da reserva. “Ao contrário, precisamos de um marco público e democrático para oferecer a água como um bem público”, defende, em texto sobre o Fórum.O 1º Fórum da Tríplice Fronteira foi realizado há dois anos, na cidade argentina de Puerto Yguazú.