Estiagem leva Defesa Civil a decretar emergência em 42 municípios do Paraná

21/07/2006 - 10h23

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - No Paraná, a estiagem já levou a Defesa Civil a decretarestado de emergência em 42 municípios. Segundo  o capitão MaurícioGenero, outros 19 municípios podem ser declarados em situação deemergência pela Defesa Civil nos próximos dias, caso não chova osuficiente. Calcula-se que cerca de 350 mil paranaenses estão sentindoos efeitos da estiagem prolongada.O nível das barragens que abastecem Curitiba e região diminui a cadadia. A quantidade de água que ainda resta nessas barragens é suficienteapenas para mais três meses de consumo. Segundo a assessoria daSanepar, no começo da próxima semana técnicos da  companhia sereunirão para definir quando começará  o racionamento,  jáque não aconteceu a economia prevista nos últimos dias. A populaçãocuritibana está recebendo em casa cartas orientando sobre asconseqüências do desperdício de água.O inverno, segundo a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, éconsiderado a estação mais seca do Paraná. Os prejuízos decorrentes daestiagem estão ainda sendo calculados pela secretaria,  mas, deacordo com a chefe da Divisão de Estatísticas, Gilka Cardoso, com aqueda no potencial produtivo das principais culturas do Estado – queaté agora somam 5,12 milhões de toneladas – deixarão de circular noParaná, R$ 1,86 bilhão.O chefe da Divisão de Conjuntura do Deral, Luiz Roberto Souza, disseque  algumas lavouras do milho safrinha estão seriamentecomprometidas. O Paraná lidera a produção de milho safrinha, que jácontabiliza perdas de 5,4% . A estimativa inicial era colher 3,5milhões de toneladas do produto. A estiagem prolongada também está prejudicando a safra de trigo.O Paraná é responsável pela metade da produção nacional de trigo. Aprevisão de colher 2,5 milhões de toneladas já sofreu uma quebra de 6%e, com a falta de chuvas, os agricultores  estão suspendendo oplantio. A pecuária respondeu por 40,5% do Valor Bruto da Produção(VBP), com  um faturamento no ano passado de R$ 10,43 bilhões,tornando-se campeã em renda da agropecuária do Paraná, segundo dados daSecretaria da Agricultura.Esses números deverão ser revistos nesta safra devido a estiagem. Segundo Luiz Roberto Souza, a  baixa umidade  relativa do ar está deixando o estado como se tivesse dentro de uma "bolha de arseco", onde os riscos de incêndio são muito grandes. Para que ospecuaristas não sofram maiores  prejuízos com a falta de pastagenspara o gado, existem medidas preventivas. " Eles devem manteratualizada a produção de feno, silagem,  cuidar da proteção dasfontes de água e matas ciliares e realizar o plantio de espécies paradistribuir aos animais", afirmou Souza.Ele avalia que a maioria dos pecuaristas do Paraná toma essas medidas,mas ressalta que os que precisarem devem  buscar orientações juntoás regionais agrícolas ou cooperativas de sua região – "Senão, o gadoperde peso e acaba sendo vendido em condições desfavoráveis".  Orebanho paranaense conta atualmente com 10,2 milhões de cabeças de gadobovino e bubalino, distribuídos em 222 mil rebanhos. O estado é osétimo produtor nacional de carne bovina.O meteorologista do Simepar Tarcízio Valentin  disse que nosúltimos meses os valores acumulados de precipitação têm sido abaixo damédia histórica, sendo que em julho e agosto chove menos em relação aosdemais meses do ano. "Diante disso, a estiagem em algumas áreas doParaná ainda deve permanecer no início do segundo semestre", avaliou.