Rodrigo Savazoni
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Rádio Comunitária de Heliópolis, que funciona há 14 anos na maior favela de São Paulo, foi fechada hoje (20) por seis agentes da Polícia Federal (PF) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A rádio operava sem outorga do Ministério das Comunicações. No entanto, segundo seus dirigentes, os documentos necessários para a legalização foram enviados às autoridades competentes há sete anos.Os agentes da PF e da Anatel executaram decisão da 9ª Vara Criminal Federal de São Paulo e apreenderam todos os equipamentos da emissora, entre eles o transmissor da rádio e um computador doado pelo programa social Pontos de Cultura, do Governo Federal.A Rádio Heliópolis funciona na sede da União de Núcleos, Associações e Sociedades de São João Clímaco e Heliópolis (Unas), local em que foi instalado um ponto de cultura em outubro do ano passado. A sede da associação foi escolhida para o lançamento do programa em São Paulo e a cerimônia contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Cultura, Gilberto Gil.“Dá uma sensação de perda e desânimo. Isso para a gente é uma injustiça irreparável”, afirmou em entrevista à Agência Brasil o diretor da rádio, Geronino Barbosa.No entanto, segundo ele, a comunidade já se reorganizou e no sábado promoverá um ato público, na sede da emissora, com a presença de apoiadores, entre os quais o senador Eduardo Suplicy. O objetivo do ato é exigir a reabertura da rádio e a devolução dos equipamentos apreendidos.Um processo criminal contra o presidente da Unas, João Miranda, foi aberto. A associação que ele preside atua há 25 anos na favela, na qual atualmente vivem 125 mil habitantes. A Rádio Heliópolis foi criada em 1992. Inicialmente, era uma rádio corneta (do tipo que funciona a patir de um sistema de transmissão instalado em postes). Em 1997, os moradores compraram um transmissor FM. “A gente não sabia dizer que era comunitária, mas sabia que era diferente das outras, porque educa, informa e ajuda a comunidade”, conta Barbosa. A emissora é filiada à Associação Mundial das Rádios Comunitárias (Amarc).