Uma greve de 24 horas a cada assassinato, diz presidente do sindicato de agentes de segurança

09/07/2006 - 18h41

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília -

A cada agente penitenciário do estado de São Saulo assassinado por integrantes de organizações criminosas, a categoria fará uma paralisação de 24 horas no dia seguinte ao ataque. A decisão foi tomada durante assembléia realizada no início de junho, após os ataques atribuídos à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, em maio. Durantes as ações do PCC, nove agentes penitenciários foram assassinados.Essas mortes se somam a outras seis registradas entre meados de junho e julho, segundo o presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciários do Estado de São Paulo (Sindasp), Cícero Sarney dos Santos. Em protesto contra o assassinato dos colegas, entre os quais um agente de escolta e vigilância penitenciária, a categoria já paralisou as atividades durante 144 horas, ou seja, seis dias. A manifestação mais recente ocorreu ontem (8), um dia após a execução do agente Paulo Gilberto dos Santos. Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Sindasp preferiu não fazer um balanço de quantas penitenciárias do estado foram atingidas pela paralisação de 24 horas. Mas disse que a orientação era de que os agentes suspendessem as atividades, como as visitas aos presos, nas 144 unidades prisionais. De acordo com Santos, só foram mantidos a alimentação dos detentos e os atendimentos de emergências médicas.De acordo com ele, a paralisação representa um dia de luto para a categoria e também é um “grito de socorro”. “Os agentes de segurança penitenciária aqui de São Paulo estão sendo vigiados até o momento do assassinato e abatidos. Estamos sendo caçados e abatidos, sem nenhuma justificativa”, afirmou.Santos afirmou que os agentes penitenciários de são Paulo estão apreensivos, trabalhando num clima de medo e insegurança. “O terror está instalado, a gente está numa situação de total impotência, de total abandono”.  De acordo com o sindicalista, muitos agentes são alvo de “ameaças constantes”. “São cartas interceptadas, telefonemas grampeados, às vezes algum preso que não quer se envolver com isso (os ataques) tem a liberdade de confessar a um agente penitenciário, então são várias fontes pelas quais a gente obtém essas informações”.Para tentar se proteger de eventuais ataques, muitos agentes adotaram mudaram a rotina, explicou o presidente. “Eles mudam o percurso do trabalho para a casa, ao fazer compras, buscam demorar o menor tempo possível, não participam de festas, dependendo do local e do horário, enfim, procuram estar sempre atentos”.Segundo Santos, no interior dos presídios paulistas, os agentes têm dificuldades para se defender. “A arquitetura das cadeias é errada, elas são verdadeiras armadilhas para nós que trabalhamos lá. Não temos rotas de saída, nenhuma alteração na estrutura que possa dificultar o acesso do preso em determinado momento, não temos nenhum dispositivo para contenção, não dispomos de armas com bala de borracha, escudo, gás lacrimogêneo”, afirmou, ao lembrar que os agentes também não usam armas de fogo nas unidades prisionais.