MAB lança alerta sobre problemas no reservatório da usina de Campos Novos

21/06/2006 - 21h49

Porto Alegre, 21/6/2006 (Agência Brasil - ABr) - O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) lançou hoje (21) um "alerta de agravamento" da situação da Usina Hidrelétrica de Campos Novos, em Santa Catarina, por causa da grande vazão de água liberada do reservatório da usina, que ainda não entrou em operação devido aos problemas verificados no reservatório.

Segundo a secretaria-geral do MAB, "a Campos Novos tem um sério vazamento que começou há duas semanas e aumentou muito nos últimos dias, baixando o nível do lago da obra em 50 metros, por causa de rachaduras num dos túneis de desvio do rio Canoas".

Preocupado com os riscos aos moradores dos municípios na divisa entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o MAB enviou ao local uma equipe técnica para acompanhar as medidas tomadas pela Campos Novos Energia S/A (Enercan), empresa responsável pela obra da hidrelétrica. "São mais de 20 mil famílias em dezenas de comunidades localizadas ao longo do rio, com medo de rompimento na usina", disse o coordenador da regional sul – com sede em Erechim, na região norte gaúcha, Luis Alencar Dalla Costa.

Segundo ele o esvaziamento do lago da UHE, poderá trazer conseqüências graves ao ambiente. "A violência da correnteza no leito do rio também pode prejudicar a população de uma área maior caso o reservatório da Usina Hidrelétrica de Machadinho, distante 40 km rio abaixo, não comporte os milhões de litros de água liberados" denuncia Dalla Costa, que colocou "sob suspeita" as explicações da Enercan.

O diretor-superintendente da Enercan, Ênio Schneider, disse que os milhões de litros de água liberados serão absorvidos pelo reservatório da usina de Machadinho e "terão redução gradual no volume de água nos próximos dias". Ele explicou que as características topográficas da região impedem que o volume de água despejado no rio provoque desastres ambientais e problemas à população. Segundo Schneider, a rachadura que surgiu no túnel de desvio é localizada e "não afeta as demais estruturas da usina".

Além de denunciar os problemas "que vem apavorando os moradores dos municípios que ficam ao redor do lago", o MAB encaminhou ofícios pedindo "inspeção, investigação e providências", à Fundação de Proteção Ambiental de Santa Catarina (Fatma) e aos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia, entre outros órgãos federais responsáveis.