Investigação de deputados mostra como PCC chega a Pernambuco

21/06/2006 - 17h06

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife – Investigações dos deputados federais Moroni Torgan (PFL-CE), Raul Jungmann (PPS-PE), Coulbert Martins (PPS-BA) e Reginaldo Germano (PP-BA) mostram que o crime organizado em outros estados vem chegando a Pernambuco.

Deputados federais que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Trafico de Armas passaram dois dias em Recife interrogando policiais, informantes e detentos envolvidos com o crime organizado e o tráfico de armas, entre outros. O deputado Raul Jungmann, sub-relator da CPI, afirmou que o que mais impressiona é a rapidez da organização criminosa. "A prova é que existem 41 integrantes do PCC no sistema prisional do estado", observou.

Segundo afirmaram os deputados em audiência na Assembléia Legislativa de Pernambuco, jovens sem antecedentes criminais que vivem no litoral de Pernambuco e região metropolitana do Recife são recrutados pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O primeiro contato seria feito, principalemente, em lugares de aglomeração, como casas de shows, por integrantes do PCC de São Paulo. Eles seriam então chamados para trabalhar em assaltos, seqüestros, roubos, tráfico de drogas e atos de vandalismo.

O presidente da CPI, Moroni Torgan, disse que enquanto o PCC tenta se estabelecer na capital, o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, está implantando no sertão do São Francisco, na região conhecida como polígono da maconha, técnicas de guerrilha praticadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

"Já desconfiávamos que a quadrilha tinha conexão com o Nordeste e estaria trazendo drogas e armas da Colômbia e do Suriname. Recentemente tivemos a constatação, porque durante um enfrentamento com autoridades locais o grupo usou táticas de guerrilha", enfatizou. O parlamentar disse é preciso implementar ações imediatas para impedir que as organizações criminosas consigam alcançar o mesmo nível de logística que possuem nos estados do Sudeste.

Entre as medidas recomendas pelos parlamentares estão uma maior integração institucional do sistema de segurança com a justiça. Ele aponta como principais falhas que permitem as ramificações dos grupos a falta de controle das rodovias, pouca fiscalização nas empresas clandestinas de segurança, que possuem arsenais fora de controle e relaxamento, pelo poder judiciário, de prisões em casos de porte ilegal de armas.

Sugestões para reestruturação do sistema de segurança serão apresentadas no relatório final da CPI, que deve ser concluído até 7 de julho.