Árbitro de basquete diz que em 20 anos de carreira nunca foi vítima de preconceito

15/06/2006 - 19h27

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Um dos únicos árbitros internacionais de basquete negros do Brasil, Sérgio de Jesus Pacheco, afirmou que, ao longo dos quase 20 anos de carreira, nunca foi alvo de racismo. Nesse período, ele apitou jogos no mundo inteiro e disse que sempre foi bem recebido em todos os países por que passou.

"Ainda mais na minha posição, como árbitro, que poderia até ser hostilizado pela torcida, nunca senti isso em nenhum lugar no mundo. Olha que vou apitar muito na Argentina, Uruguai, na Alemanha, já apitei quase no mundo inteiro e nunca senti isso", afirmou Pacheco, em entrevista à Agência Brasil.

Natural de Campinas, o juiz, de 41 anos, faz parte de um grupo restrito. Em todo o Brasil, há apenas cerca de 30 árbitros internacionais de basquete. Além dele, só há mais um representante da raça negra no grupo, a juíza Fátima dos Santos, de São Paulo.

Pacheco reconhece que, em relação a outros esportes como o futebol, o basquete leva vantagem no que se refere ao número reduzido de casos de discriminação racial. "Acho que a consciência esportiva de quem assiste a jogos de basquete e de quem pratica é outra", observou.

Segundo ele, há outro fator para explicar por que os casos de racismo no basquete são mais raros: as referências mundiais desse esporte são os atletas norte-americanos, que, na maioria, são negros.

Para o juiz, qualquer atitude racista, principalmente no esporte, deve ser repudiada. Ele disse que nunca precisou lidar com o problema de preconceito racial em quadra, mas que, num eventual caso, a atitude mais certa seria expulsar da partida o jogador responsável pela agressão.

"Eu colocaria o jogador pra fora, acho que não tem que ser punido com falta técnica, nada disso, tem que pôr prá fora, fazer um relatório contando o que aconteceu e depois a Justiça Desportiva vai julgar o cidadão."