Pescadores, ambientalistas e quilombolas discutem ações contra construção de siderúrgica no Rio

03/06/2006 - 16h12

Paulo Virgílio
Repórter da Agência Brasil

Rio - Pescadores e ambientalistas do entorno da Baía de Sepetiba e quilombolas da Restinga de Marambaia, no Rio, se reúnem amanhã (4), às 9h30, na Ilha de Jaguanum, no município de Mangaratiba, litoral sul do estado, para discutir os rumos da mobilização contra os danos ambientais causados pela construção de uma siderúrgica, uma termelétrica e um terminal marítimo na região. O projeto da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), resultado de uma parceria entre o grupo alemão ThyssenKrupp e a Companhia Vale do Rio Doce, prevê o lançamento no fundo do mar, em frente à Ilha de Jaguanum, de 21 milhões de metros cúbicos de lama, provenientes da dragagem do canal de acesso ao futuro terminal marítimo.

Segundo os integrantes do Fórum de Meio Ambiente e Qualidade de Vida da Zona Oeste e Baía de Sepetiba, a lama do fundo do mar está contaminada há duas décadas por resíduos de metais pesados, altamente tóxicos, lançados pela extinta Companhia Ingá Mercantil. Essa indústria faliu em 1987, deixando a céu aberto 3,5 milhões de metros cúbicos de metais como cádmio, zinco e arsênio, que aos poucos foram vazando para a baía, contaminando os manguezais e prejudicando a atividade pesqueira.

Os ambientalistas argumentam que a cava, de 12 a 17 metros de profundidade, onde seriam colocados os resíduos da dragagem fica justamente na única área da Baía de Sepetiba onde ainda se consegue capturar pescado.

Cerca de 3 mil pescadores artesanais exercem a atividade na região. As associações de pescadores e de ambientalistas já ingressaram no Tribunal de Justiça do Rio com ação para impedir o lançamento da lama contaminada e exigir a adoção de tecnologias mais seguras com relação ao tratamento dos metais pesados no fundo da baía.

Um dos maiores empreendimentos em implantação no estado, a CSA será um complexo formado por uma siderúrgica, com capacidade para produzir 4,4 milhões de toneladas por ano de placas de aço, uma termelétrica a carvão mineral e um terminal portuário exclusivo, para a exportação dos produtos siderúrgicos. O investimento é superior a US$ 2 bilhões e vai gerar 30 mil empregos.