Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Além de representar prejuízo para o próprio aluno, a repetência escolar traz perdas para país. No Brasil, o gasto anual em função da repetência de alunos de 1ª e 2ª séries do ensino fundamental chega a R$ 2,2 bilhões, de acordo com o secretário-executivo da organização não-governamental (ONG) Missão Criança, o sociólogo Carlos Henrique Araújo.
Ex-diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), Araújo é um dos autores do livro Educação: uma Aposta no Futuro, lançado esta semana pela ONG.
"Isso é muito dinheiro desperdiçado. E a criança repete o ano, ou seja, vai ter que voltar pra escola e refazer aquele ano, e não se recupera em termos de qualidade." Segundo o sociólogo, esse custo representa mais de um terço do total que o país investe em todas as séries do ensino fundamental, em torno de R$ 6 bilhões.
Outro problema, de acordo com Araújo, diz respeito ao chamado fluxo educacional do país. De cada 100 crianças matriculadas na 1ª série do ensino fundamental, 56 terminam a 8ª série e um terço conclui o ensino médio. "É muito pouco para um país que quer ser desenvolvido, que quer diminuir as desigualdades, essa taxa de conclusão de ensino básico."
A publicação lançada pela Missão Criança coloca a educação básica universal e de qualidade como a principal estratégia para que o país possa romper o ciclo da pobreza e diminuir a exclusão social. "A idéia do livro é que educação é a principal porta para combater a desigualdade, mas não uma educação qualquer, tem que ser uma educação de qualidade", defende o secretário-executivo da ONG.