Brasília, 24/5/2006 (Agência Brasil - ABr) - Os bloqueadores de celular, sozinhos, não são capazes de impedir a comunicação dos presos – outras medidas devem ser tomadas, segundo o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, deputado Moroni Torgan (PFL-CE).
Após audiência pública realizada hoje (24) pela comissão, o deputado informou que fará "um pedido às universidades, para vermos quais as tecnologias disponíveis para bloquear o sinal dos celulares". Também será feito um pedido, ao governo, para a instalação imediata de bloqueadores, de sensores de raio X, detectores de metais, além da revistas de presos após receberem visita. "Nada vai ser resolvido singularmente, é um conjunto de medidas para evitar que o crime organizado tenha agilidade na sua logística", disse.
Segundo Torgan, "se cada bloqueador de cada penitenciária custar em torno de R$ 100 mil, que foi mais ou menos o que nós vimos, temos 500 penitenciárias no país todo e isso daria R$ 50 milhões". Na opinião dele, poderão ser usados recursos do Orçamento da União ou "poderemos chegar a um acordo com as operadoras – os presídios não podem continuar servindo de escritórios do crime organizado, como vemos hoje".
O professor de engenharia elétrica Leonardo de Menezes, da Universidade de Brasília, informou na audiência pública que o bloqueador "minimiza aspectos do problema, mas não resolve em relação ao sinal de telefones via satélite e de walk-talks ou telefones sem fio de longo alcance. O que se tem hoje pode ser usado para todas as faixas de celular no Brasil, mas é preciso fazer manutenção. Qualquer que seja a solução adotada, ela não é uma bala de prata".
Para o presidente da operadora de celular Vivo, Roberto Lima, a colocação de bloqueadores em todos os presídios do país deixaria "entre 15 e 18 milhões de pessoas sem comunicação e o governo deixaria de arrecadar cerca de R$ 2,8 bilhões por ano em impostos". A melhor solução, disse, seria investir em detectores de metais e sensores de raio X para evitar que celulares e outros equipamentos entrem nos presídios.
Já o presidente da operadora Tim, Maio César Pereira de Araújo, defendeu que sejam pensadas soluções definitivas e não emergenciais: "Não estamos preocupados com os prejuízos, mas não queremos que saiam soluções que não vão resolver a questão. Acho que o detector de metal é a coisa mais inteligente que se tem, porque evita a entrada de qualquer metal, seja o celular, seja a faca, seja qualquer outra coisa. É uma solução necessária a todos os presídios".
Para as 9 horas de amanhã (25) a CPI do Tráfico de Armas marcou acareação entre os advogados Maria Cristina de Souza Rachado e Sérgio Weslei da Cunha e o operador de áudio Artur Vinícius Pilastre Silva. Os advogados são acusados de comprar do operador gravação de depoimentos sigilosos na Comissão que teria sido repassada ao integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).