Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Câmara vota hoje (24) parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar favorável à absolvição do deputado Vadão Gomes (PP-SP), acusado de envolvimento no "mensalão", o suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo.
Por nove votos a um, o conselho aprovou o parecer do deputado Eduardo Valverde (PT-RO), que recomenda o arquivamento da representação contra Vadão Gomes. Ele é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões do empresário Marcos Valério de Souza, apontado como principal operador do "mensalão".
Eduardo Valverde considerou contraditórios os depoimentos de Marcos Valério, que inicialmente havia afirmado que depositara o dinheiro na conta de uma das empresas de Vadão e depois apresentou outra versão, segundo a qual o dinheiro teria sido entregue pessoalmente ao deputado, em um hotel em São Paulo.
"Chama a atenção o fato de que Marcos Valério, que sempre se mostrou extremamente organizado, lembrando-se de detalhes de encontros, não tenha conseguido nem ao menos lembrar o nome do hotel em que teria feito o pagamento", disse o relator.
Na defesa, Vadão Gomes afirmou que nem ele, nem suas empresas receberam dinheiro de Valério. Ele considerou injustas as acusações de que seria um dos beneficiados pelo esquema do "mensalão". "Sempre acreditei no senso de justiça dos que me julgariam e tenho certeza de que contarei, no plenário, com a mesma isenção e senso de justiça. As conclusões do Conselho de Ética falam por si só", disse o deputado no plenário, em pronunciamento de poucos minutos.
O relator original do processo no Conselho de Ética, deputado Moroni Trogan (PFL-CE), havia recomendado a cassação do mandato de Vadão Gomes. Entretanto, seu parecer foi rejeitado e Eduardo Valverde foi indicado para apresentar novo parecer ao caso.
A votação, que já está ocorrendo, é secreta e está sendo feita em cédulas de papel. Para o deputado ser cassado e perder parte dos seus direitos políticos, tornando-se inelegível até 2015, são necessários pelo menos 257 votos contra o parecer do Conselho de Ética, que recomendou o arquivamento do processo. Se o plenário absolver Vadão, serão 11 os deputados absolvidos de acusações de envolvimento com o "valerioduto". Três foram cassados e quatro renunciaram ao mandato.