Brasília, 16/5/2006 (Agência Brasil - ABr) - O governo do estado de São Paulo deveria ter usado as informações que detinha sobre a possibilidade de ataques criminosos. A opinião é de Guaraci Minguardi, coordenador científico do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito (Ilanud).
Em entrevista à Rádio Nacional, ele afirmou hoje (16) que "era razoavelmente previsível, todos sabiam que ia acontecer algo e novamente nossa segurança pública foi pega desprevenida – tem que ter a informação e saber utilizá-la".
Como forma de prevenir ataques como os ocorridos desde sexta-feira (12) em São Paulo, Minguardi defendeu uma atuação mais eficiente do poder público no combate à corrupção no sistema penitenciário. "Se tem que fazer uma depuração em determinados setores, tem que ser rígido, tem que ter uma velocidade maior para demitir pessoas acusadas de corrupção", avaliou.
E complementou: "Corrupção é inevitável no sistema penitenciário. Quando um ato de corrupção de um agente penitenciário ameaça a vida dele e de seus colegas, isso é grave e mostra que a situação chegou muito longe".
Minguardi condenou, no entanto, ações mais duras como o chamado "massacre do Carandiru", que resultou na morte de 111 detentos: "Exceder o limite da lei não só é errado na questão filosófica, mas também pela questão tática. É dar munição para o inimigo. Se não tivessem ocorrido 111 mortes no Carandiru, muita gente teria apoiado posições mais firmes do Estado nos anos que se seguiram. Mas boa parte da população ficou contra e as ações da polícia nos anos subseqüentes foram tímidas. Além disso, provocou uma reação – o PCC [facção criminosa a quem são atribuídos os ataques ocorridos nos últimos dias em São Paulo] nasceu, em parte, como uma resposta para o Carandiru".