Especialista defende coordenação entre polícias e centralização de informações

16/05/2006 - 20h56

Brasília, 16/5/2006 (Agência Brasil - ABr) - Para enfrentar ataques como os ocorridos no estado de São Paulo nos últimos dias é preciso coordenação entre a Polícia Federal e as polícias estaduais – civil e militar. A opinião é de Walter Maierovitch, especialista em crime organizado e presidente do Instituto Giovanni Falconi de Ciências Criminais.

"Em todos os estados é cada um por si. Isso só favorece a atuação do crime organizado. Há necessidade de um poder coordenador de ações para passar ordens, centralizar informações", afirmou, em entrevista hoje (16) à Rádio Nacional.

Na avaliação de Maierovitch, os ataques demonstraram irresponsabilidade e imprevidência do estado. "Na primeira madrugada de ataques, quando São Paulo virou uma Bagdá, viu-se uma autoridade do governo declarar que essa reação do PCC [facção criminosa a quem são atribuídos os ataques] era esperada. Se era esperada, a polícia deveria ser comunicada. E assistimos a mais de 50 mortes de policiais que não tinham o mínimo conhecimento de que os ataques poderiam ocorrer. Viu-se um estado irresponsável e imprevidente", destacou.

Segundo o especialista, são sempre esperados "atos terroristas, insensibilidades e assassinatos" por parte do crime organizado. "Revoltante é ver o estado refém do crime organizado", acrescentou.

"Aqui no estado de São Paulo, o que se viu de 2001 até agora foi esse tipo de organização, o PCC, atuar e submergir, para verificar a reação do estado. E toda a vez que o PCC submergia, as autoridades do governo estadual declaravam que essa organização tinha sido liquidada, estava esfacelada, sem poder de articulação. Vemos agora que não estava desarticulado, como nunca esteve. É uma rede muito ágil, ao passo que o estado atua sempre a posteriori", concluiu.