Bianca Paiva
Da Agência Brasil
Brasília - As rebeliões nas penitenciárias e os ataques a bases e agentes policiais ocorridos em São Paulo poderiam ter sido evitados, na opinião do coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro. Em entrevista à Rádio Nacional, ele afirmou que o Brasil possui leis suficientes para combater o crime organizado e garantir os direitos dentro do sistema prisional. "O que precisaria é apenas cumprir a própria Constituição Federal e a Lei de Execuções Penais", disse.
Na opinião de Ariel de Castro, o Brasil precisa de uma polícia mais inteligente, profissional, qualificada e eficiente, "principalmente no trabalho de desmantelamento" do crime organizado. "Infelizmente, não é isso que acontece. Deveria haver um fortalecimento do controle externo das instituições policiais e também do próprio sistema prisional, além da reformulação do próprio Código Penal, que é de 1940", defendeu.
A impunidade e a corrupção, segundo o coordenador, abastecem o crime organizado: "O Estado deveria ser mais eficiente nessa questão, porque o crime só se organiza quando tem o apoio de agentes do próprio Estado infiltrados, levando informações da polícia para os criminosos".
Desde 2000, contou, o governo tem negociado com os líderes das facções criminosas. De acordo com Ariel de Castro, antes as entidades eram mediadoras entre os governos e os presos, "sempre reivindicando direitos para toda a população prisional". Depois, as facções foram reconhecidas pelo próprio Estado como interlocutoras, e "isso acabou fortalecendo esses grupos dentro do sistema prisional".
O coordenador destacou que "as condições de trabalho dos policiais são péssimas, os salários são baixos e os armamentos já estão ultrapassados – eles acabam perdendo para o próprio crime organizado".