Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A retomada do nacionalismo entre as novas lideranças latino-americanas desafia o processo de integração regional. Na opinião no ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Tarso Genro, é necessário revisar as relações entre as nações. "O processo de integração latino-americana está se dando, agora, sob uma nova ordem política, com eleições que substituem mandatários e que têm visões diferenciadas e interesses um pouco conflituosos. Isso, na minha opinião, não retira da agenda a integração sul-americana, mas torna ela efetivamente um pouco mais complexa", afirmou o ministro durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Para Tarso Genro, a mudança no quadro político da América Latina se caracteriza pela vontade de retomada de afirmação de projetos nacionais o que, na avaliação do ministro, "é uma virtude, mas também é um problema". "Novos governos estão buscando seus caminhos e os padrões de integração ainda não estão muito claros por razões econômicas, como vimos na questão da Bolívia. Isso é um estímulo à integração e demonstra, inclusive, sua necessidade", destacou.

O ministro definiu o atual momento como de "crise de integração", mas enfatizou que não se trata de imaturidade dos países latino-americanos. "Se fosse questão de imaturidade, a União Européia não teria dado os passos atrás que está dando depois de um largo exercício retórico e político que deu um patamar mínimo de coesão à União Européia", disse.

Tarso Genro acredita que a crise de integração, nos vários continentes, é resultado da forma como foram organizados os novos padrões de acumulação do capital depois da terceira revolução científica e tecnológica, com supremacia do capital financeiro. "Sem a menor sombra de dúvida, este é um fator de instabilidade ainda não resolvido, tanto na Europa quanto na América Latina", concluiu.