Representante do Conselho de Farmácias diz que burocracia dificulta venda de remédios fracionados

10/05/2006 - 19h07

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O coordenador-geral do Centro Brasileiro de Informações sobre Medicamentos (Cebrim), Radif Domingos, afirmou hoje (10) que o excesso de burocracia e a falta de vontade política impedem que a venda de medicamentos fracionados "decole" no país. O Cebrim é vinculado ao Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Para ele, a compra da quantidade exata do medicamento prescrito pelo médico, autorizada em janeiro do ano passado pelo governo, beneficiará o paciente com uma economia média de até 30%.

"Comprar uma caixa de analgésicos de 30 cápsulas e tomar duas ou três só e um pecado. É jogar dinheiro fora. O fracionamento visa a essa economia. Além de evitar o desperdício, o fracionamento permite que população de mais baixa renda tenha acesso aos medicamentos . O cliente vai tomar apenas a quantidade necessária para combater a patologia detectada", disse Domingos.

Segundo ele, 51,7% da população brasileira não tem acesso a medicamentos. Foi com o objetivo de facilitar a compra de remédios pela população que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou hoje (10) duas medidas para aumentar a oferta de medicamentos fracionados.

Em decreto, o presidente autorizou a venda de remédios fracionados também em drogarias. Antes, a venda só era autorizada em farmácias de manipulação. A outra proposta é um projeto de lei que tornará obrigatória a fabricação de remédios fracionados por todos os laboratórios e industrias farmacêuticas.

Para Radif , a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a principal responsável pelo bloqueio das vendas. "A Anvisa engessou o processo de fracionamento, exigindo absurdos das indústrias e drogarias. Isso está causando obstáculos ao desenrolar desse processo que visa o beneficio da população brasileira". É a Anvisa que credencia e autoriza os estabelecimentos a comercializarem medicamentos fracionados.