Spensy Pimentel
Enviado especial
Viena (Áustria) - Um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile disse hoje (10) que a proximidade entre as grandes empresas multinacionais e os governos faz parte da estratégia de expansão do capital internacional nas últimas décadas, o chamado neoliberalismo. Stédile discursou pela manhã na abertura no encontro paralelo à 4ª Cúpula União Européia - América Latina e Caribe.
"Esse modelo tem que derrotar o Estado como agente econômico, investidor, mas ao mesmo tempo, busca a promiscuidade com os governos para poder ter acesso à poupança nacional", afirmou o líder do MST, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
"A maioria das empresas que dizem que investem no Brasil só adquirem licença para explorar nossos recursos. Tem financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e todo tipo de recurso público para isso."
Economista, Stédile também é o representante brasileiro na rede internacional Via Campesina. Na América Latina, o modelo que ele apresenta se completaria com a participação da mídia privada: "Como temos instituições frágeis, as empresas investem pesado nos meios de comunicação para se proteger diante da sociedade."
Outro campo de atuação das multinacionais, segundo o ativista, seriam os partidos políticos. Stédile criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter participado, recentemente, de eventos envolvendo a expansão de empresas como a Aracruz ou as Casas Bahia. "O governo tem de cuidar das políticas publicas e, não, tomar chá das quatro com o capital."
A contracúpula Europa - América Latina e Caribe foi organizada por cerca de 200 entidades da sociedade civil das três regiões. Até sábado, ocorrem cerca de 70 atividades. Está prevista a participação de 2 mil pessoas.