Brasília, 10/5/2006 (Agência Brasil - ABr) - O deputado federal Júlio Redecker (PSDB-RS) se disse "frustrado" com a reunião dos representantes do setor calçadista no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). De acordo com ele, o governo não manifestou a intenção de realizar mudanças no que se refere à principal reivindicação do setor, a política cambial. "Não acreditamos que o governo tenha a boa vontade de mudá-la", afirmou.

Segundo Redecker, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernardo Appy, que participou da reunião, disse que o câmbio deve ser o adequado, mesmo que isso comprometa alguns setores produtivos brasileiros. Além de Appy e de representantes do setor de calçados participaram da reunião o ministro interino do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, um representante do Ministério do Trabalho e o senador Paulo Paim (PT-RS) e prefeitos.

Umas das propostas levadas à reunião é a de manutenção de uma cotação diferenciada do dólar para os exportadores de calçados, chamada de dólar-referência. "A questão do câmbio, uma política de juros altos e o dólar comprimido não permitem que haja competitividade para as exportações", afirmou o deputado, autor da proposta.

O prefeito da cidade gaúcha de Campo Bom, Giovani Feltes, disse que caso o governo não tome medidas que auxiliem a superação da crise do setor "o volume de desempregados vai se ampliar ainda mais". No município, explicou, 2 mil pessoas que trabalhavam na indústria de calçados estão desempregadas.

Hoje, cerca de 1.200 trabalhadores da indústria calçadista do Rio Grande do Sul realizaram uma manifestação em Brasília. Eles encaminharam ao governo federal reivindicações como a inclusão das fábricas no Simples, linhas de crédito e medidas tributárias. De acordo com o coordenador da manifestação Marcos Dutra, cerca de 20 mil pessoas perderam seu emprego em função do fechamento de fábricas.