Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Trabalhadores da indústria calçadista do Rio Grande do Sul realizaram hoje (10) uma manifestação na capital federal. De acordo com a organização do movimento, cerca de 1.200 pessoas reuniram-se na Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso Nacional. Os trabalhadores reivindicam atos do governo para auxiliar o setor que atravessa crise com o câmbio alto.
Segundo o coordenador da manifestação Marcos Dutra, cerca de 20 mil pessoas perderam seu emprego em função do fechamento de fábricas de calçado e demissões coletivas. O problema, segundo ele, é a alta cotação do real frente ao dólar. Com isso, são necessários mais dólares para comprar a mesma mercadoria em real, o que faz a indústria brasileira perder competitividade nas exportações. "Precisamos de uma desvalorização [do real] de 10 a 15% para que as empresas possam sobreviver", afirma.
Os manifestantes encaminharam ao governo federal um conjunto de solicitações como a inclusão das fábricas calçadistas no Simples, linhas de crédito e medidas tributárias que minimizem a crise no setor. Além das 20 mil pessoas que foram demitidas diretamente pela empresa calçadista, Dutra afirma que há um "efeito cascata". Segundo ele, isso afetaria mais 20 a 30 mil pessoas que trabalham nas indústrias que integram a cadeia produtiva setor, como tintas, solas e cadarços.
Os manifestantes também reclamam da concorrência de produtos chineses. E criticam o governo estadual, alegando que o Rio Grande do Sul mantém uma alta alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo eles, isso afastaria as empresas do estado.
O governador gaúcho, Germano Rigotto, esteve na audiência pública com os manifestantes e afirmou que o ICMS para a cadeia coreiro-calçadista foi reduzido de 17% para 12%. Rigotto também afirma que isentou de ICMS a compra de máquinas para o setor. Segundo ele, o estado mais impactado pela crise é o Rio Grande do Sul já que 60% dos sapatos exportados pelo país são produzidos no estado. "O Rio Grande do Sul perde com a concorrência chinesa e com esse real excessivamente valorizado", disse.