Brasília, 20/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (20) que fará duas viagens internacionais, ainda neste ano, para cobrar dos chefes de estado de nações desenvolvidas engajamento na adoção de regras mais justas de comércio. Segundo ele, a atual rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Rodada de Doha, só avançará com impulso político de presidentes e chefes de estado.
"Estou convencido de que esgotou-se o limite técnico para fazer a grande Rodada de Doha. Não tem mais debate técnico, agora tem que ser decisão política, e decisão política tem que ser tomada pelos presidentes dos países e pelos primeiros-ministros", ressaltou o presidente, em discurso no Itamaraty, durante a solenidade de formatura de novos diplomatas, alunos do Instituto Rio Branco.
Lula citou como exemplo a postura do governo francês, que se recusa a acabar com o apoio financeiro que concede aos produtores agrícolas – os chamados subsídios, que distorcem os preços no mercado internacional e impedem a penetração de produtos dos países em desenvolvimento. "A França não abre mão do subsídio por uma questão econômica, é uma questão eminentemente política", disse ele.
O presidente lembrou que, desde dezembro, vem propondo uma reunião de chefes de estado a vários líderes – pessoalmente, já ligou para os primeiros-ministros e presidentes da Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos e França.
"Tenho provocado eles. Não vamos nos esconder atrás dos nossos ministros de Relações Exteriores, não vamos nos esconder atrás nos negociadores da União Européia, não. Vamos colocar a nossa cara para saber quem é que quer fazer um mundo mais justo", destacou Lula.
As negociações na OMC são, em regra, feitas por especialistas indicados por cada país. Os ministros de Relações Exteriores reúnem-se esporadicamente, quando necessário, e em cúpulas que ocorrem a cada dois anos.
Diante do impasse nas negociações, que devem ser concluídas até o final deste ano, Lula cobrará o posicionamento dos chefes de estado em Viena, na 4ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América Latina, Caribe e União Européia, entre os dias 11 e 13 de maio, e em São Petersburgo, na Reunião de Cúpula do G-8, de 15 a 17 de julho.