Rio, 14/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Os altos preços apresentados pelos estaleiros para a construção de 26 navios a serem encomendados pela Transpetro obrigarão a subsidiária da Petrobras a negociar os contratos em separado. A informação é do presidente da empresa, Sérgio Machado, após a sessão pública de abertura dos envelopes com os valores sugeridos pelos quatro grupos que se mantiveram na licitação.
Ficaram de fora da disputa os estaleiros Eisa e Montagem e o consórcio Keppel Fels/Brasfel. Foram mantidos o consórcio liderado por Camargo Correa e Andrade Gutierrez e o Rio Naval, além dos estaleiros Mauá-Jurong e Itajaí.
Segundo Machado, os preços ficaram até 50% acima da média no mercado internacional e para os primeiros navios ele admitiu que "nós teremos que pagar mais caro, por conta da curva de aprendizado". Machado destacou que "os estaleiros brasileiros não fabricam esse tipo de embarcação desde 1996 e por isso precisam de um período de aprendizado". Disse ainda esperar para o final de abril a conclusão das negociações e a assinatura dos contratos.
Para a construção de 10 navios Suezmax (de transporte de óleo cru, ou de produtos, com dimensão máxima que permite a passagem pelo canal de Suez), por exemplo, o consórcio liderado pelos grupos Camargo Correa e Andrade Gutierrez ofereceu o preço básico de US$ 119,9 milhões, valor previsto para a construção da embarcação com a utilização do aço nacional, enquanto o valor básico no mercado internacional é de US$ 80 milhões – cerca de 40% menos.
Com os equipamentos adicionais solicitados pela Transpetro no edital, o valor oferecido pelo consórcio sobe para US$ 141,9 milhões. Já o consórcio concorrente Rio Naval não apresentou o preço básico: ofereceu US$ 151,3 milhões, apenas para a construção da primeira embarcação.
"Estamos convencidos de que nas negociações a partir de agora nós chegaremos a um acordo. O critério será o do melhor preço – não o do maior –, pois ai estão também subtendidas as condições e prazos de entrega das embarcações.O certo é que nós não estamos simplesmente comprando navio a qualquer preço. A idéia é reativar e dar escala (demanda) à indústria naval brasileira. E isto só acontecerá se os preços forem competitivos também em nível internacional", garantiu o presidente da Transpetro. E acrescentou: "Se não chegarmos a um preço que considerarmos justo, abriremos para novas propostas".
O Programa de Modernização e Expansão da Frota Marítima (Promef) prevê a contratação de 42 navios-petroleiros ao custo de cerca de US$ 1,9 bilhão. O programa trabalha com três premissas básicas: os navios terão que ser construídos no Brasil, com 65% de conteúdo nacional e com preços e prazos competitivos a nível internacional.
Em sua primeira fase, o programa prevê a contratação de 26 petroleiros, que resultarão na abertura de 22 mil novos postos de trabalho, em encomendas de 290 mil toneladas de chapas de aço, 125 toneladas de tubos, mais de 6 milhões de litros de tintas e 2.200 quilômetros de cabos elétricos.