Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – A juíza do município de Ariquemes (RO), Duília Sgrott Reis, está sob proteção de uma equipe da Polícia Militar. De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública de Rondônia, major Evilásio Sena, ela passou a ser acompanhada por agentes no dia 7 de março.
Reis teria recebido ameaças de morte de toreros (carregadores de madeira em tora) que atuam na região, graças ao cumprimento da lei ambiental que determina o leilão de caminhões apreendidos com carga ilegal de madeira.
A juíza decidiu não conceder entrevistas sobre o assunto, mas enviou uma nota de esclarecimento à imprensa. Nela, a magistrada afirma que soube das ameaças no último dia 2, por meio do Comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Jorge Luiz Haupenthal.
A Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) também divulgou uma nota na qual manifestou publicamente apoio a juíza. O texto afirma que a ameaça de morte foi descoberta por um agente do serviço secreto da Polícia Militar, que estaria infiltrado em uma reunião fechada dos toreros. Segundo a nota da juíza, essa reunião foi realizada no dia 7 de fevereiro.
"A gente fez uma assembléia geral no dia 6 de fevereiro. Ela era aberta a qualquer interessado, foi inclusive divulgada pela rádio", esclareceu o presidente da Associação dos Extratores de Tora e Indústria Madeireira (Atimer), José de Freitas.
"No microfone, ninguém falou em matar a juíza. Pode ser que alguém estranho à associação, alguém que não seja torero, mas que tenha se solidarizado conosco, tenha ficado exaltado e dito sem pensar que a juíza deveria ser morta. E aí isso foi ouvido pelo agente".
A perda de caminhões apreendidos pelo transporte ilegal de madeira é uma determinação da lei 9.605, válida desde 1998. Na prática, porém, ela não vinha sendo cumprida em Rondônia e os caminhões eram devolvidos aos infratores.
A origem da revolta dos toreros remonta ao dia 26 de janeiro, quando oito caminhões que transportavam 100 mil metros cúbicos de madeira sem autorização foram apreendidos. Os veículos ficaram sob vigilância da Polícia Rodoviária Federal, mas dois dias depois quatro deles foram devolvidos aos donos, por ordem do delegado Thiago Leite, da Polícia Civil.
O Ibama entrou, então, em contato com a Delegacia Regional de Ariquemes e sugeriu uma reunião entre policiais, juízes, promotores e fiscais ambientais que atuam na região. Esses encontros aconteceram nos dias 2 e 7 de fevereiro – neles, todos os órgãos foram esclarecidos de que os motoristas pegos em infração perderiam seus caminhões já na primeira apreensão.