Contracepção e violência familiar são maiores preocupações de saúde de mulheres, diz consultora

14/03/2006 - 19h18

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A saúde da mulher brasileira tem dois "problemas relevantes" a serem tratados: a violência familiar e o acesso aos métodos contraceptivos. A análise é da consultora nacional da unidade de Família e Segurança Alimentar e Nutricional da Organização Panamericana de Saúde, Zuleica Albuquerque, uma das participantes do Seminário Nacional de Controle Social nas Políticas de Saúde para as Mulheres que começou hoje (14) em Brasília.

Ela ressalta que a saúde feminina no Brasil "avançou em muitos aspectos. Há anos atrás a mulher não tinha acesso a contraceptivos para planejar ou a programas para problemas de infertilidade. Houve avanços grandes", diz.

Para ela, é preciso aumentar a oferta de contraceptivos "principalmente das mulheres mais pobres e das áreas mais distantes", destaca. Em relação à violência ela afirma que "há ainda muitas conquistas a realizar, mas já existe uma sensibilização grande para o problema".

Falta ao Brasil, "primeiro sensibilizar as mulheres para declararem que estão sendo violentadas. Isso é um problema grave. Por questões psicológicas, medo de ficar só ou de perder o companheiro elas escondem".

O segundo passo, na opinião da consultora, é o treinamento dos profissionais de saúde para socorrer essas vítimas. "É preciso cuidado para lidar com isso. É uma questão que envolve afeto. E os profissionais de saúde, muitas vezes, ainda não têm essa habilidade".

Em relação aos demais países americanos, Zuleica Albuquerque diz que o Brasil tem um aspecto positivo e outro negativo. "O Brasil tem uma história de luta dos movimentos em favor das mulheres muito grande, outros países ainda estão atrasados, principalmente, na América Central".

Por outro lado, "é um país muito grande, com mulheres nas mais diversas situações possíveis. Aqui, os problemas, pelo menos em termos de quantidade, são maiores".