Codevasf pede reintegração de posse de terreno ocupado pelo MST

14/03/2006 - 14h32

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) entrou hoje (14) na Justiça Federal com ação de reintegração de posse do terreno do Projeto de Irrigação Salitre, implementado no município de Juazeiro, no norte da Bahia. A informação é da assessoria de imprensa da Superintendência Regional da Codevasf no município.

Ontem (13), 900 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam a área, de acordo com nota do Ministério da Integração Nacional. A decisão de recorrer à Justiça para retirar os sem-terra do local partiu da Superintendência Regional da Codevasf em Juazeiro.

A medida foi tomada em cumprimento à determinação do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, de que todas as providências judiciais cabíveis para a imediata retirada dos integrantes do MST fossem adotadas. Segundo a nota, o ministro também determinou a exclusão definitiva do plano de assentamento do projeto de todos os sem-terra que ocuparam a região.

O movimento reivindica o assentamento imediato de 800 famílias no projeto. Os sem-terra também querem que a Codevasf aprove projetos de irrigação para três assentamentos do MST, localizados em Juazeiro, e em dois outros municípios baianos, Casa Nova e Remanso.

Hoje, representantes do sem-terra e da Codevasf se reuniram em Juazeiro, mas não houve acordo para o fim da ocupação. "Vamos nos organizar para, a partir de amanhã, começar a produzir no local", disse o integrante da direção nacional do MST na Bahia Márcio Matos.

Segundo ele, os sem-terra não estão dispostos a desocupar o local. "O MST não vai deixar a área, a menos que a nossa pauta de reivindicação seja cumprida". Pelos cálculos de Matos, 700 sem-terra permanecem na área do projeto Salitre. De acordo com ele, a expectativa é que esse número chegue a mil amanhã.

A assessoria de imprensa da Superintendência Regional da Codevasf em Juazeiro informou que os integrantes do MST estão no local em que fica a principal estação de bombeamento de água do projeto, destinado à irrigação de cerca de 30 mil hectares de terras ao longo do Rio São Francisco, no prazo de 12 anos. Até agora o projeto foi implementado numa extensão de dois mil hectares.

Além de determinar a adoção de providências judiciais para a retirada dos integrantes do MST e a exclusão dos sem-terra do plano de assentamento do Salitre, o ministro Ciro Gomes decidiu que a Codevasf não firmará qualquer parceria com entidades associativas dos sem-terra envolvidas na ocupação.