Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Organizações da sociedade civil no Pará, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo criaram comitês para acompanhar o processo judicial que está revendo a privatização da empresa de mineração Vale do Rio Doce. Uma decisão da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal, em Brasília determinou, no ano passado, a realização de uma perícia para saber se a estatal foi vendida por menos do que ela valia. O controle da empresa foi leiloado no governo Fernando Henrique Cardoso, em maio de 1997, por cerca de R$ 3,3 bilhões.
Os comitês pretendem acompanhar essa auditoria. "Foi um grande prejuízo para o Estado", disse a deputada Socorro Gomes (PCdoB-PA), em entrevista hoje (5) à Agência Brasil. Socorro é autora da primeira ação judicial contra a privatização da mineradora. Segundo ela, à época, empresas de consultoria chegaram a avaliar o preço da Vale em até 11 vezes a mais do que o valor pago.
Socorro destaca as perdas de seu estado com a privatização da Vale. "O Pará tem as minas, a biodiversidade, as florestas, a mata que a Vale toma conta. E não recebemos nada em troca, a não ser alguns projetos muito pequenos do ponto de vista do impacto social e econômico", diz. A deputada entrou com uma representação no Ministério Público da União para averiguar como estão sendo utilizados alguns recursos da região, como o urânio.
"Na terra da Vale tem urânio que é monopólio exclusivo da União, não pode ser vendido. Entrei com uma representação no Ministério Público para saber o que eles estão fazendo com esse urânio", destacou. Para Socorro, ao privatizar a Vale do Rio Doce, o país perde chances de se desenvolver. "Nenhuma nação que tenha perspectiva de futuro entrega um patrimônio como a Vale do Rio Doce, tendo os recursos que nós temos. Nenhuma nação perde o controle de uma empresa dessas", afirmou.