Estudo aponta que participação feminina no poder político ainda é pequena

03/03/2006 - 21h40

São Paulo, 3/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - O estudo O Progresso das Mulheres no Brasil, publicado hoje (3), indica que a participação feminina no mercado de trabalho aumentou, mas a porção ocupada por elas nas esferas formais de poder político ainda é muito pequena.

A pesquisa é resultado de um projeto desenvolvido pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e foi coordenada pela organização não-governamental Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia).

"O dado que aparece com mais força na nossa publicação é a participação das mulheres no mercado de trabalho. Além de ser uma participação maciça, essas mulheres hoje são mais capacitadas, mais preparadas e ocupam funções mais relevantes que há 15 ou 20 anos", afirmou Júnia Puglia, vice-diretora do Unifem no Brasil e no Cone Sul.

A diretora da Cepia, Jacqueline Pitanguy, ressaltou que o número de mulheres em cargos de chefia em espaços governamentais no Brasil é extremamente baixo. "Isso contrasta em um país em que há uma relativa igualdade entre homens e mulheres. O Brasil ocupa uma posição vergonhosa no que se refere à participação da mulher nas esferas normais do poder", diz.

A pesquisa destaca ainda que houve mudança no plano das políticas públicas implementadas pelo governo federal, com enfoque na ampliação e na organização do acesso à assistência obstétrica. Também mereceu destaque a constatação de que, na área de saúde, mulheres negras e indígenas estão mais expostas a tratamentos inadequados e a ações insuficientes de cuidado e prevenção. De acordo com o relatório, os registros de serviços de atendimento a vítimas de violência revelam uma predominância de ocorrências com mulheres negras.

"Nós temos paradoxos na sociedade brasileira que certamente correspondem à combinação de diferentes desigualdades. E quando se olha o mercado de trabalho, vê-se que as mulheres negras são aquelas que se encontram nas condições mais difíceis, mais informais e mais vulneráveis", afirmou a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, na solenidade de lançamento da pesquisa.

O estudo foi baseado em centenas de pesquisas temáticas realizadas no país entre os anos de 1992 e 2002. Está disponível no livro O Progresso das Mulheres no Brasil e no endereço eletrônico www.mulheresdobrasil.org.br.