Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – Há no Brasil 15 povos indígenas em isolamento voluntário cuja existência já foi comprovada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Todos eles vivem na Amazônia, mesma região onde a Funai registrou o relato da presença de outros 28 povos ainda não-contactados.
"A gente chama isso de referência, que são notícias ainda não checadas, alguém que viu um índio desconhecido em uma determinada região", explicou o coordenador em exercício da Coordenação Geral de Índios Isolados (CGII) da Funai, José Carlos Meirelles.
"Existe também a possibilidade de que haja descendentes de uma etnia isolada no Cerrado mineiro, em Unaí", revelou Meirelles. "Nossa coordenação também é responsável pela proteção de quatro povos de contato recente [com menos de cinco anos], que vivem na Amazônia."
Dos 15 povos indígenas em isolamento voluntário, três vivem na fronteira entre o Brasil e o Peru, em três terras indígenas contíguas que somam cerca de 800 mil hectares. Elas fazem parte de um bloco maior, de 2 milhões de hectares, que inclui mais seis territórios indígenas de etnias de contato antigo.
"Do lado peruano temos o povo masko-piro, do tronco lingüístico pano. Eles são nômades e migram para o Brasil na época da seca", contou Meirelles. "Do lado brasileiro há dois povos aldeados, para os quais não temos denominação. Acreditamos que eles sejam também Pano, mas rivais culturais dos Masko-Piro."
Meirelles afirmou que não é possível estimar quantas pessoas façam parte desses 15 povos. "Na fronteira entre Brasil e Peru, posso dar uma estimativa grosseira, de uns 800 indígenas. Mas é um número aproximado, que futuramente pode se mostrar bem equivocado".