Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – O relatório divulgado hoje (3) no Fórum Regional do Conselho Mundial de Energia estuda casos de gastos com energia em comunidades de três capitais latino-americanas – Rio de Janeiro (Brasil), Caracas (Venezuela), e Buenos Aires (Argentina). A comunidade brasileira analisada foi a favela do Caju, onde foram entrevistados líderes comunitários, jovens e empresários.
Os moradores do Caju são muito jovens, como constatou o estudo - 20% são crianças abaixo dos 10 anos de idade e 10% entre 10 e 16 anos. Apenas 8,4% são velhos. Acima de 16 anos, 30% do pessoal não têm emprego. Dentre os mais jovens, 40% usam dois tipos de energia: elétrica e gás de bujão (GLP). Esses são os dois tipos de energia mais usados também em Caracas e Buenos Aires.
As famílias de baixa renda da favela do Caju gastam com energia 15,57% de sua renda, contra 4,1% na Inglaterra, 5,2% nos Estados Unidos, e 7,6% na Argentina. "Fazendo essa comparação, verifica-se que o número do Rio de Janeiro é bastante alto", disse o presidente do Comitê Brasileiro do Conselho Mundial de Energia, Norberto Medeiros. Ele observou que existe disposição dos moradores da comunidade de pagar pela energia que consomem, mas de acordo com a renda que possuem.
Como a maioria das pessoas no Rio de Janeiro, "principalmente os favelados", não têm títulos de propriedade, a conta de luz é um elemento importante porque funciona como referência, ou atestado de residência. O relatório mostra que a pobreza urbana é a inabilidade da pessoa ter renda para as mais básicas necessidades, inclusive acesso à energia.
"A energia não elimina a pobreza, mas é uma forma que pode ajudar, porque melhora o nível de vida das pessoas, ou o que se chama de exclusão social", afirmou Medeiros. "A partir do momento em que a pessoa tem energia e a usa de forma produtiva para trabalhar, esse é um dado muito importante."
O grande problema no Brasil é a baixa renda da população. "Tem uma desigualdade de renda enorme no país e o custo da energia é alto para o pessoal de baixa renda", avaliou o especialista. Relatórios similares serão realizados pelo CME em outras cidades do mundo. Eles poderão servir de subsídio aos governos na elaboração de políticas que possam reduzir as desigualdades e a exclusão social, admitiu o presidente do Comitê Brasileiro do CME.