Aécio Amado
Repórter da Agência Brasil
Rio - O presidente de uma das associações de moradores da Rocinha, Sebastião José Filho, disse hoje (16) que o conflito de ontem na favela era "previsível". Segundo ele, há quatro meses, logo após a morte do traficante Erismar Rodrigues Moreira, conhecido como Bem-Te-Vi, a disputa pelo comando do tráfico se tornou uma questão de tempo. Erismar foi morto por policiais.
"Eu alertei as autoridades e a imprensa sobre essa provável invasão e nada foi feito para aumentar a segurança aqui", reclama Sebastião, que fez um apelo para que os moradores não saiam de casa até que a situação se normalize."Nós pagamos um preço muito alto por isso. Nós ficamos na linha de fogo. Os moradores ficam apreensivos."
O representante dos moradores voltou a cobrar mais investimentos em educação na Rocinha, principalmente na construção de escolas. Para ele, essa seria uma das soluções para retirar os jovens da favela da marginalidade e do tráfico.
A Rocinha foi invadida no começo da noite de quarta-feira (15) por cerca de 40 homens armados distribuídos em quatro vans. Eles chegaram atirando contra os transformadores de energia, deixando parte da Rocinha sem luz.
Um adolescente de 14 anos foi baleado no peito e morreu quando era socorrido. Outras seis pessoas ficaram feridas. Há pouco, a Polícia Militar informou que foram achados três corpos em uma parte da favela conhecida como 199, possivelmente elevando para quatro o número de mortos no conflito.
Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e do Batalhão do Leblon permanecem ocupando os principais acessos da Rocinha. O comandante do batalhão do Leblon, major Norberto Mendes, disse que cinco pessoas foram presas nas proximidades da favela. Segundo o major, é provável que o grupo faça parte do bando que invadiu a Rocinha.