Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Na próxima segunda-feira, representantes dos governos estadual de São Paulo e municipal de Taboão da Serra e da comunidade sem-teto Chico Mendes irão se reunir novamente para decidir o destino das famílias que há quatro meses ocupam uma área naquele município. O encontro será às 10 horas no escritório regional da Secretaria estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, em Osasco, na Grande São Paulo.
"Apesar de ainda existir a ameaça de despejo, a situação no acampamento é tranqüila", disse à Agência Brasil a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Helena Silvestre. Ela explicou que o grupo pediu ajuda ao Ministério Público para que fosse protelada a ação de reintegração de posse. "Mas, por enquanto, ainda não houve o parecer favorável da Justiça".
Representantes dos sem-teto foram recebidos ontem pelo chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Fernando Padula, após promover uma manifestação e ocupação de parte das instalações da secretaria. No encontro, ficou decidido que a busca de uma solução será discutida na segunda-feira. Hoje, existem 890 famílias acampadas na comunidade Chico Mendes. De acordo com Helena, nos últimos dias foi feito um recadastramento para apurar a situação das moradias e constatou-se que há um número maior do que o existente até o início de janeiro, quando o pleito era para 860 famílias. Outras 30 foram inseridas na lista.
Também houve alteração no total de famílias no quadro de atendimento de urgência, que passaram de 200 para 250. Ou seja, desde que surgiu a ameaça de despejo, o MTST luta para arranjar local de acomodação para os sem-teto sem nenhuma alternativa de abrigo em caso de retirada do acampamento. Até agora, só conseguiu a oferta de uma bolsa-aluguel da prefeitura de Taboão da Serra, mas que atende a apenas 100 famílias. Moradias para toda a comunidade estão previstas no plano de habitação da Caixa Econômica Federal (CEF).
"Nem sabemos ainda direito onde essas casas serão erguidas, talvez a escolha seja em área situada na divisa com São Paulo, no bairro do Campo Limpo", afirma Helena, ao expressar a necessidade de uma solução urgente para os acampados. Ela acredita que, pelo menos até a próxima quarta-feira, não ocorra o cumprimento judicial na ação de despejo.