Fórum na Venezuela acabou com divisão entre sociedade e política, avalia sociólogo

04/02/2006 - 14h29

Daniel Merli
Enviado especial

Caracas (Venezuela) – "Durante muitos anos, tivemos nosso imaginário dividido em dois: uma coisa era sociedade civil, outra era a política", acredita o venezuelano Edgardo Lander, que representa o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso) no Comitê Organizador do 6º Fórum Social Mundial (FSM). Lander acredita que a edição do FSM em Caracas ajudou a terminar com essa dualidade.

O Fórum nasce, em 2001, dentro dessa idéia de divisão, segundo ele. "Mas você olha a América Latina, cinco anos depois, e vê uma situação totalmente diferente", referindo-se à eleição de presidentes de esquerda na América Latina. "Figuras que vinham a este encontro transformaram-se em chefes de Estado, como Evo Morales e Luiz Inácio Lula da Silva. Como os movimentos vão lidar com eles agora? Isso precisa ser discutido".

A necessidade dessa discussão, segundo ele, esteve clara nas atividades. O maior número de atividades inscritas foi no Eixo Temático I, que discutia formas de poder. "Isso mostra que o tema é colocado em pauta pelas próprias organizações. Não é uma coisa que vem de cima pra baixo, dos governos para o Fórum".

Lander vê, com isso, o "amadurecimento" das organizações. "Há um reconhecimento de que a divisão entre sociedade e política é um dogma neoliberal. Na vida real, a luta social é uma luta essencialmente política. E há que posicionar-se politicamente frente a seus governos".