Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A construção de estações de tratamento de esgoto é um dos desafios do Brasil para melhorar a questão hídrica no país. A análise é da assessora da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) Anna Virgínia Machado, um dos membros da sociedade civil no Conselho Nacional de Recursos Hídricos que aprovou, nesta semana, o Plano Nacional de Recursos Hídricos.
Ela diz que o Brasil "tem profissionais, grupos de pesquisa e tecnologia bastante desenvolvidos. A capacidade tecnológica é consolidada e está avançando muito. O país é um destaque nesse setor". O problema, segundo ela, é que "temos muito poucas estações em relação ao que precisamos tratar. Não se tem ainda investimentos suficientes", explica.
Para ela, as estações existentes não devem ser julgadas por números. "Não é uma questão de quantas estações, mas sim de quantos municípios e da quantidade de população que não é atendida com tratamento de esgoto. Você precisaria dobrar a capacidade de tratamento de esgoto no Brasil. O número de estações depende da tecnologia adotada".
A assessora destaca que não é absolutamente correto dizer que quanto maior a população de um lugar, maior o problema em tratamento de esgoto. "É correto porque se tem uma concentração grande de esgoto. Mas o problema fica ainda maior nas comunidades periféricas porque são lugares que, muitas vezes, nem rede de esgoto tem".
Nas grandes cidades, o volume "é muito maior mas, por outro lado, o investimento também é maior. Nas cidades pequenas e médias (80% das cidades brasileiras) o investimento é muito pouco". Segundo Anna Virgínia, o déficit proporcional ao número de habitantes é maior em cidades pequenas porque os investimentos são menores.
Ela explica que a capacidade de pagamento dos investimentos nas cidades pequenas é "pouca e dificulta o acesso do município a investimentos. É muito difícil para uma cidade pequena implantar uma estação de tratamento".