Para ativistas, "promotores de democracia" podem influenciar eleições na América Latina

31/01/2006 - 6h08

Spensy Pimentel
Enviado especial

Caracas (Venezuela) - Os ativistas de diversos movimentos sociais se mobilizam para formar uma rede de monitoramento das eleições na América Latina em 2006. Os principais articuladores dessa rede adiantaram no 6º Fórum Social Mundial um dos focos de preocupação do grupo. Para eles, é preciso acompanhar desde já a ação de países e instituições que utilizam a chamada política de "promoção da democracia" para apoiar candidatos afinados com as idéias liberais.

"Os Estados Unidos, o Canadá, as instituições multilaterais financeiras, estão muito preocupados com o que se passa na América Latina. É quase como diziam na Guerra Fria, os dominós estão caindo. Cada vez mais governos de esquerda estão surgindo", diz Jonah Gindin, diretor do projeto intitulado "Em Nome da Democracia", em alusão à recente vitória de Evo Morales, na Bolívia.

O sociólogo norte-americano William Robinson, da Universidade de Santa Bárbara, colaborador da organização não-governamental "Pueblos en Camino", é autor de diversos estudos sobre a política de "promoção da democracia". Ele diz que a estratégia surgiu nos anos 80, depois que se tornou politicamente insustentável para os Estados Unidos continuar apoiando ditaduras na América Latina, como ocorrera ao longo das duas décadas anteriores.

"Os Estados Unidos temiam que os movimentos de massa contra as ditaduras se convertessem em revoluções populares", explica Robinson. "O que os Estados Unidos promovem não é a democracia, são mudanças políticas para evitar a real democracia, que envolve a dimensão econômica e social", diz o sociólogo, que denomina "poliarquia" o que realmente resulta dessa política norte-americana. Poliarquia, para Robinson, é o governo de um pequeno grupo, com a participação limitada do povo.