Conselho de Ética deve votar processo de cassação do presidente do PP

31/01/2006 - 11h18

Nelson Motta
Repórter da Agencia Brasil

Brasília - O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados deve votar hoje (31) o processo por quebra de decoro parlamentar do presidente do Partido Progressista (PP), deputado Pedro Corrêa (PE). O relator do processo, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), recomenda a perda do mandato do parlamentar pernambucano, acusado de receber recursos do caixa dois do PT por intermédio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

A votação já era para ter ocorrido, mas foi adiada porque o deputado Benedito de Lira (PP-AL) pediu vista do relatório. Em entrevista por telefone, no último domingo, Corrêa informou que só vai se pronunciar sobre o assunto depois que o processo for concluído. Sobre permanecer na presidência do PP, o deputado disse: " o meu futuro a Deus Pertence".

Corrêa é o terceiro presidente de partido da base aliada do governo que pode perder o mandato. Pode ser o segundo a ser cassado pelos seus pares por quebra de decoro parlamentar. Antes dele, o ex-presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson (RJ), foi cassado e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto (SP), renunciou para evitar perder os direitos políticos.

O deputado pepista é acusado de ter recebido R$ 700 mil do esquema do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Em depoimento no Conselho de Ética, Corrêa disse que os saques no Banco Rural foram feitos pelo chefe de gabinete da liderança do PP, João Cláudio Genu. Segundo Corrêa, o dinheiro foi usado para pagar parte dos honorários do advogado Paulo Goyaz, que defende o deputado Ronivon Santiago (PP-AC) em 36 processos judiciais movidos pelo PT do Acre.

Para o relator do processo de cassação, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), a conduta de Pedro Corrêa "atingiu o conjunto dos parlamentares, pois o presidente do PP teria se utilizado do fato de o partido pertencer à base governista para autorizar a solicitação de recursos ao Partido dos Trabalhadores".

Ao declarar o seu voto pela cassação, Sampaio disse estar "perplexo" com a tese da defesa, "especialmente pelo fato de o PT ter doado os recursos para o pagamento de defesa de Ronivon quando o próprio partido movia processos contra o ex-deputado no Acre".