Alta do IGP-M de janeiro foi motivada por aumento no preço da soja, diz economista da FGV

31/01/2006 - 9h43

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio – O coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, avalia que a alta de 0,92% registrada em janeiro pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) refletiu uma situação sazonal, a partir, principalmente, do impacto do aumento do preço da soja.

"A soja passou por um pico de alta, mas já começa a normalizar. Essas subidas fortes de produtos agrícolas são intensas, mas também são muito rápidas", disse, acrescentando que o IGP-M deve recuar em fevereiro. A inflação apontada pelo indicador em janeiro foi divulgada ontem (30) pela FGV.

O economista avalia que o Brasil atravessa uma situação de queda gradativa dos índices de inflação, que podem apresentar acelerações momentâneas por fatores previsíveis, como o aumento nos preços do álcool registrados no início do ano. Neste caso, ponderou Quadros, já existe uma expectativa de queda no preço do produto, bem como no impacto das mensalidades escolares corrigidas em janeiro, que não vão provocar pressão nos próximos meses.

Em entrevista hoje (31) ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o economista afirmou que, apesar da elevação, no acumulado dos últimos doze meses, o indicador permanece baixo, registrando alta de 1,74%. Segundo ele, esse percentual é o menor índice desde o início da série histórica do IGP-M, em 1989, quando a inflação medida pelo IGP-M encerrou o período com alta de 1,24%.

Na avaliação de Quadros, a situação de 2005 é "sem precedentes" na história do IGP-M e se deu pelo comportamento do dólar, que recuou bastante ao longo do ano. Ele acredita que o movimento não deverá se repetir em 2006. "O que tivemos no ano passado foi um movimento de redução excepcional, momentâneo, e muito baseado no comportamento do câmbio, que também não fica se repetindo todo ano", observou. "Estamos transitando para uma inflação menor, mas a nossa verdadeira inflação ainda é na faixa de 4,5% a 5%", acrescentou.