Lutamos pela reforma urbana, pelo plano diretor e por habitação, diz participante da conferência

03/12/2005 - 15h55

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O segurança desempregado Henrique Junior Souza, 33, mora no bairro mineiro do Taquari. Sua casa fica próxima a uma encosta – uma área de risco por causa dos constantes deslizamentos de terra, que há cada chuva provocam mortes. Henrique mora lá há 18 anos. Faz sete anos que passou a ter o direito à água tratada e à energia elétrica. Militante da Confederação Nacional de Associação de Moradores (Conam), ele é um dos participantes da 2ª Conferência das Cidades.

Segundo ele, por morar em uma área irregular, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) não queriam instalar os serviços de abastecimento de água e de energia. "Nós fizemos pressão e conseguimos colocar água e luz. Ficamos sete anos no escuro, sem luz e sem água", lembra. Essa foi a primeira conquista.

Ele avalia que atualmente "a população está conseguindo por meio do orçamento participativo o asfaltamento de algumas ruas". Souza afirma saber que as coisas não mudarão da noite para o dia, ou com o fim da conferência, e é por isso que "nós sempre estamos brigando, em conferências, palestras, seminários ou até mesmo em audiências públicas. É por moradia que nós estamos brigando", afirma. "É por isso que nós estamos aqui na 2ª Conferência Nacional das Cidades, para correr atrás da reforma urbana", complementa. "Nosso movimento vem lutando há bastante tempo por moradia, por saneamento básico e por diversas coisas. Nós brigamos pelo plano diretor e por habitação, para nós removermos algumas famílias que moram em encostas; para terem suas vidas dignas, uma moradia melhor e em uma área melhor."

No bairro de Souza, informa ele, moram cerca de 33 mil pessoas que, para pegarem um ônibus, têm que, todo dia atravessar uma fronteira de bairro. O posto de saúde mais próximo fica a 20 minutos. Das três escolas freqüentadas pela população, apenas uma fica no bairro, mas não tem segundo grau. "Estamos lutando para que a escola vá até o 2° grau. Nós temos uma emergência educacional, porque para ter acesso ao segundo grau nós temos que pegar ônibus e muita gente não tem condições."

Foi aos 21 anos que ele entrou para associação do bairro, entidade filiada à Conam. O primeiro contato com o movimento aconteceu graças à irmã dele, que presidia a associação. Pouco tempo depois, Souza já tinha começado a construir seu núcleo de moradia, que reúne 24 famílias que pagam aluguel ou que não têm onde morar. Duas vezes por mês, o núcleo se encontra para discutir o andamento das políticas e as propostas dos governos e prefeitos em relação à moradia.